sexta-feira, 27 de junho de 2014

Quanto custa a felicidade?



Quanto custa a felicidade? Tem preço? Se compra? A cada momento feliz eu tenho a certeza que dinheiro não compra a felicidade. A distância entre o concreto e o abstrato, do dinheiro e da felicidade vem explicitar o quão diferente eles são. Claro que ninguém vive sem dinheiro, mas também ninguém vive sem felicidade e, a meu ver, um independe do outro. Quantos exemplos nós vemos todos os dias de pessoas com muito dinheiro, mas infelizes. Outras esbanjam felicidade, mesmo "pobres" financeiramente falando (isso deve ser deixado claro).

O que me levou a escrever esse artigo foram esses momentos em que a gente tem o tempo livre para imaginar, pensar e refletir sobre muitas coisas. Estive lembrando quantos momentos de felicidade que tive em minha vida e pensei por quanto eu poderia vendê-los. Certamente apareceriam muitas pessoas querendo comprá-los, acredito que até mesmo por muito dinheiro, mas eu não venderia.  A vida é tão justa, que eu até desejaria comprá-los para que assim eu pudesse revivê-los, mas não consigo, não posso. Não se pode comprar o passado. Se pode construir no presente.

Mesmo assim persistimos nessa de precificar tudo, de tornar tudo um produto e de valorizar o inútil. A valorização do dinheiro gera mais dinheiro, gera mercado e isso é interesse de muitos. Isso é interesse daquelas pessoas que pensam que o dinheiro compra tudo. A vida é breve, passa rápido. O melhor da vida é que não precisamos comprar pacotes de felicidades, muitas vezes divididos em várias vezes com ou sem juros para sermos felizes. A felicidade está ao nosso alcance. Depende de nós.

Bom seria se todos pensassem assim, dessa forma acabaríamos cada vez mais rápido com esse comercio de sentimentos que cresce a cada dia. Nós podemos ser o principal fator para a crise desse sistema que só privilegia o mercado. Sistema, esse, sem sentimento, sem amor, que esquece a existência do sofrimento e da verdadeira necessidade. Não vim aqui para criminalizar o dinheiro, mas para desabafar que acredito que podemos ser felizes independentemente do dinheiro e que podemos compartilhar ao invés de acumular. 

O mais irônico da felicidade é que ela se renova e exige renovação, não se mostrando como única, como algo singular. Nunca viveremos a felicidade por completo. Nunca nos saciaremos totalmente de felicidade. Nós sempre queremos mais e ela nos permite isso. A tentativa de comprar a felicidade será eterna, desastrosa e decepcionante. Ao contrário disso, buscarei não comprar a felicidade, mas vivê-la naturalmente, ao meu ver, assim ela se torna mais acessível.   

sexta-feira, 20 de junho de 2014

BMH Entrevista - Guilherme Paiva


Pós doutor pela Universidade de Brasília (UnB), pesquisador desta mesma universidade, professor do Mestrado Interdisciplinar em Ciências Sociais e Humanas da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), estas são algumas partes do perfil profissional de Guilherme Paiva Martins. Nascido em Brasília-DF, Guilherme cedo descobriu as duas paixões que o acompanharia pelo resto de sua vida: a música e a filosofia. Formado em filosofia, instrumentista, compositor, ele nos mostra que há muito o que filosofar sobre a música, assim como também há muito o que se compor e pensar na filosofia.     


Blog MH – Quem veio primeiro, a música ou a filosofia?
Guilherme Paiva – Na verdade elas vieram praticamente juntas, mas acho que a música ainda veio antes. Quando eu tinha seis anos de idade meu pai me deu um piano e eu comecei a tirar algumas músicas simples como “parabéns pra você”, inclusive comecei a tirar de ouvido. Lia a tablatura, mas já conseguia tirar as músicas de ouvido. Depois meu pai me deu um teclado, e aí minha tia me deu um violão, quando eu tinha doze anos, e então eu comecei a comprar revistas de música (naquela época vendia em banca) e comecei a tocar com um amigo, o Derez Marques, lá de Brasília – DF, que hoje tem uma banda chamada Amanita. Depois, com dezesseis anos, comecei a estudar violão clássico e nessa época, o “Chapinha” (irmão do Derez Marques) me passou alguns livros do Nietzshe, Walter Benjamin, alguns livros sobre existencialismo... Então a música veio um pouco antes, mas nesse processo a filosofia aparece, e aí eu começo a estudar a filosofia sem nenhum interesse de fazer ou me tornar professor. Naquela época o meu interesse era me tornar músico...

Então a filosofia surgiu na sua vida por causa da música?   
  
Guilherme Paiva – Isso. A música veio primeiro. Mas naquele mesmo momento, de convívio com esses dois amigos meus, que são irmãos, o Derez Marques e o Chapinha, eu acabei tendo um contato maior com a música e com a filosofia.

Blog MH – Quando você decidiu cursar filosofia?  
Guilherme Paiva – Com dezoito anos, eu decidi me mudar de Brasília-DF para ir morar em Parnaíba-PI. Lá eu também conheci muitos amigos compositores, entre eles o músico piauiense Teófilo Lima. Com ele tive parcerias musicais, tocando em uma banda que se chamava “Rabiscos” e escrevendo letras de músicas juntos. Com dezenove anos eu resolvo fazer vestibular, nessa época eu pensava em me inscrever para filosofia ou sociologia e acabei fazendo para filosofia...

Blog MH - Como foi esse processo de escolha?
Guilherme Paiva – Por conta de algumas leituras que eu tinha na filosofia. Já tinha lido Nieztshe, Sartre, pois havia lido o existencialismo, Walter Benjamin... Esses eram alguns filósofos que eu já conhecia.

Blog MH - Você falou que, antes da graduação, não pensava na carreira de docente. Quando surge a docência em sua vida?     
Guilherme Paiva – Durante a graduação eu fiquei ainda mais interessado em filosofia. Naquele momento já me interessava em fazer o mestrado em filosofia e me tornar professor de filosofia. Isso me levou a fazer pesquisas durante a graduação, então pesquisei Nietzshe e Michel Foucault durante a graduação e no mestrado também. Inicialmente fui fazer meu mestrado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na época, orientado pelo Roberto Machado. Passei um ano morando no Rio de Janeiro. Sem bolsa, acabo retornando para Brasília e desistindo do mestrado da UFRJ. Em Brasília já começo a lecionar filosofia em algumas faculdades privadas, até que depois consigo entrar no mestrado em filosofia da Universidade de Brasília, com o Miroslav, que é um iugoslavo que estava vindo para o Brasil. Durante o mestrado eu acabei me desiludindo com a filosofia. Achei que a filosofia ficava muito restrita a analisar autores europeus e norte-americanos, então se colocava que a filosofia é para pensar a realidade, mas você, na verdade, não pensa sua própria realidade, você tenta interpretar o que os filósofos disseram.

Blog MH – Na filosofia, quais são seus principais estudos e quem mais te inspira?
Guilherme Paiva – Acho que Nietzshe, Foucault, Walter Benjamin, naquele momento (graduação) eram esses os filósofos que mais me inspiraram. Tinha um gosto por David Hume, pelos filósofos empiristas, mas as minhas principais referências eram esses: Nietzshe, Walter Benjamin, Deleuze, Foucault. Tem também o Sartre, mas depois de um tempo eu me afastei um pouco mais dele e foquei mais nesses citados anteriormente. Nesse momento (graduação), eu começo a estudar a genealogia do Nietzshe, na tentativa (claro dentro da proposta da filosofia brasileira de interpretar os filósofos) de conhecer o método da genealogia, depois o método da arqueologia e também da genealogia do poder de Foucault. Essas metodologias, hoje, me servem para outras finalidades em termos de pesquisa. Então eu vou para Sociologia, no doutorado. Decidi sair da filosofia e ir para a sociologia que é um campo totalmente diferente do que eu vinha pesquisando, apesar de ter uma relação que era o campo da educação. Então eu começo a conhecer muitos autores da sociologia, entre eles: Boudieu, Norbert Elias, Anthony Guiddens e começo também, através de uma professora chamada Maria Veloso, a entrar em contato com filósofos da América Latina, entre eles o Leopoldo Zea, e também com filósofos da África e de descendência africana como Franz Fanon, Anthony Appiah e o Stuart Hall. Então eu começo a ver como eu poderia utilizar aquele método da filosofia, tanto do Foucault, de análise dos discursos, como do Nietzshe, de uma genealogia como uma perspectiva histórica, para contribuir para a educação no Brasil. Então começo a trabalhar cultura no Brasil a partir desses referenciais da filosofia. A contribuição que eu busco trazer é a de analisar a realidade brasileira, tanto na área de cultura e educação, além de analisar nosso contexto contemporâneo e essa questão das tecnologias da comunicação e informação como forma de difusão da cultura.

Blog MH - Você falou que o estudo da filosofia brasileira se limita a interpretar os filósofos. O estudo filosofia brasileira difere dos estudos da filosofia em outros lugares?   
Guilherme Paiva – Bom, eu não sei e não posso lhe dizer isso, pois não tenho uma experiência de estudo da filosofia na Europa. Eu achava que tinha mais liberdade, mas quando eu vi a história da tese de doutorado do Foucault, que fez uma tese de doutorado sobre a história da loucura, e aí vai lá na banca, defende e depois da defesa a banca diz: "não, tudo bem, mas você vai ter que escrever um texto sobre Kant (ou sobre Hegel, não lembro agora)"... Essa já é uma tradição da própria filosofia, a de trabalhar com questão da interpretação dos filósofos. Talvez você encontre essa liberdade num momento de mais maturidade, por exemplo, Habermas, como ele trabalha com uma perspectiva interdisciplinar, ele não só utiliza de referenciais da filosofia, como também da psicologia, da sociologia. Ele discute esses referenciais  e utiliza desses referenciais para entender um determinado objeto, problemática, ou questão.

Blog MH – Quem são os principais pensadores da filosofia contemporânea, ao seu ver?
Guilherme Paiva – Hoje eu incluiria o Habermas, o Anthony Appiah, o canadense Charles Taylor e o Leopoldo Zea. Acho que depende do interesse de cada um, então esses são os que eu considero como grandes referências para mim. Esses são autores que me servem para uma visão e reflexão crítica sobre a dimensão social, cultural e política da sociedade.

Blog MH – Muito tem se falado, inclusive dentro das universidades, sobre os temas transdisciplinaridade e interdisciplinaridade. Como você analisa tudo isso?
Guilherme Paiva – Eu vou começar com a interdisciplinaridade. Existem algumas pesquisas sobre esse tema (interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade) que colocam a  interdisciplinaridade como uma forma de metodologia em que você utiliza o conhecimento de diferentes áreas. Então, por exemplo, se você trabalhar a questão do meio ambiente, você pode utilizar a ética e também a biologia, daí surge a bioética, uma nova área do conhecimento interdisciplinar que envolve duas áreas do conhecimento, e do conhecimento acadêmico, já que filosofia e biologia são conhecimentos acadêmicos. Veja que a interdisciplinaridade não envolve somente ciência, pois filosofia não é uma ciência. Então é uma relação entre a ciência e conhecimentos que não são científicos. A transdisciplinaridade já vai além da interdisciplinaridade. Ela também trabalha não somente conhecimentos acadêmicos, mas como também trabalha o chamado "conhecimento popular", os saberes populares. Com a transdisciplinaridade, você pode trabalhar, por exemplo: “quais são os saberes produzidos pela comunidade quilombola situada em Patu ou em Porta Alegre (aqui no RN)”. Essa relação em que você utiliza tanto conhecimentos acadêmicos, seja da sociologia, da antropologia ou da psicologia social (se você for trabalhar representações sociais), como também saberes populares produzidos pelas comunidades quilombolas. Então você transcende o limite da universidade, do conhecimento acadêmico, e vai para o saber popular. Esse é um aspecto transdisciplinar. O termo “trans” quer dizer além. Já o conhecimento interdisciplinar quer dizer uma relação, uma inter-relação entre conhecimentos científicos e não científicos. A transdisciplinaridade ela vai além, ela trata os saberes populares, os mitos... Ela tem um aspecto diferente para a produção de conhecimentos.

Blog MH – Você é um adepto desses novos pensamentos?  
Guilherme Paiva – Sou! Claro que isso também foi em função da criação do mestrado em ciências sociais e humanas (PPGMICSH-UERN), mas eu também tinha uma perspectiva interdisciplinar por eu ter saído da filosofia e ter ido para a sociologia. A criação do mestrado já me conduz para outro momento, esse momento transdisciplinar de sair do campo científico e ir para o saber popular.


Blog MH – Qual seria a visão da filosofia sobre a música e sobre a poesia?
Guilherme Paiva – Você não vai ter uma visão consensual. Vai depender dos autores, dos filósofos. Existem alguns filósofos, ou alguns profissionais da filosofia, estudiosos da filosofia que desconsideram a poesia, já outros vão ter uma visão que a poesia também é importante. Há filósofos que vão considerar a poesia como uma forma de retomar a questão do ser, da existência. Em relação à música, a filosofia também não tem uma visão consensual. Por exemplo, nós temos o Adorno que diz que o Jazz não seria uma forma de arte. Para ele a única forma de arte estaria associada à música erudita.  Então essas perspectivas não são consensuais. Pierre Levy vai analisar a música e suas relações com as tecnologias e vai nos oferecer outra visão sobre arte, música e cultura.

Blog MH – A partir desse debate existente na filosofia, poderíamos afirmar que a música e a poesia não teriam um conceito universal, totalmente definido?
Guilherme Paiva  - Como são formas artísticas e que existe vários tipos de interpretação é complicado ter uma consenso.  Por exemplo, você não tem um consenso em relação ao samba. Alguns teóricos vão dizer que o samba de roda origina o samba carioca, outros pensam diferente... E eles são especialistas em música, não se trata de filósofos. Então nem mesmo os especialistas têm um consenso sobre essa questão. Não existe um consenso sobre a origem do violão, se é uma origem árabe ou grega. Então é uma área em que as questões são mais complicadas. Sobre a poesia eu não tenho como falar, pois é uma área em que eu não tenho estudos aprofundados, mas eu vejo esse aspecto em relação à música.

Blog MH – E qual seria a visão do filósofo Guilherme Paiva sobre a música?
Guilherme Paiva – Na minha visão é um tipo de manifestação característica do ser humano. É possível, também, relacionar a música, o modo de construção da música, com o aspecto cultural. Você deixa de lado alguns modelos. Muito se define música a partir do padrão de música ocidental, mas a música produzida na África quebra esse padrão. Então penso que seja uma forma de manifestação do ser humano. Muito se fala que a música é uma manifestação artística, mas esse conceito de arte também foi construído em um determinado momento da história. Então a música é uma manifestação do ser humano, de uma cultura específica ou de um diálogo entre culturas, produzindo novas formas de manifestações musicais.

Blog MH – Assim como a música, a filosofia também vem sendo deixada de lado pela escola. Como você enxerga esse cenário onde a filosofia e a música não recebem a importância devida no ensino escolar?
Guilherme Paiva – Existem políticas do Estado, no sentido de que a filosofia retorne ao ensino médio, assim como a música... Eu vejo uma desvalorização dessas áreas, e às vezes uma visão preconceituosa que foi construída no Brasil, sobre a música. Essa relação que havia sobre a pessoa que toca violão, a boemia e a malandragem, então se você toca violão já sofre um estigma. Por outro lado, tocar piano é algo relacionado à nobreza, às classes mais altas. Isso relacionado ao estudo do piano. Mas não é um estudo que visa formar alguém para viver de música. Viver de música no Brasil é algo bem recente, vários músicos tiveram dificuldades como Ernesto Nazaré, Chiquinha Gonzaga... Por exemplo, o Jacob do Bandolim era funcionário público. Então existe uma desvalorização da música. A falta da filosofia nas escolas tem outras razões, como a do governo militar ter retirado a filosofia da grade escolar por a filosofia levar a um pensamento crítico, à reflexão crítica e isso não seria interessante. E hoje acaba tendo um desinteresse maior em relação à filosofia porque a sociedade de consumo atual tem um interesse no que é utilitário. Uma sociedade que possui meios de comunicação de massa que não levam à reflexão e, assim, as crianças e os adolescentes acaba tendo pouco interesse por essa questão de uma reflexão mais aprofundada seja sobre a sociedade, a política ou a cultura.

Blog MH – Você concorda que a música vem se tornando num produto comercial e perdendo a sua poesia?
Guilherme Paiva – Essa transformação da música em mercadoria ocorre desde a formação do sistema capitalista. Se analisarmos, Beethoven já vendia suas músicas, mas isso não quer dizer que sua música era comercial. Claro que na sociedade atual, o consumo leva a uma moda e ao que é o efêmero. Depois de um tempo aquilo deve ser trocado, é descartável. Mas ainda se tem expressões musicais que não se colocam como comerciais. Recentemente eu vi um link que mostrava Hermeto Pascoal, dizendo não ter interesse em ganhar dinheiro com a música, ele tem interesse em fazer música. Então o interesse dele é fazer e não comercializar a música. Então tem gente pensando diferente.    

Blog MH – O que é compor?
Guilherme Paiva – Se desvencilhar de uma visão racional e ir para uma dimensão mais contemplativa em que você não pensa em sistematizar. É um momento de inspiração.

Blog MH – O que é ser musicalmente humano?
Guilherme Paiva – É deixar fluir a música que você tem dentro de si. É colocar a música num papel, numa partitura ou executá-la em algum instrumento.

Blog MH – Um gênero musical?
Guilherme Paiva – Hoje, para mim é o choro.

Blog MH – Uma música?
Guilherme Paiva – Choro Nº 1 de Villa Lobos.




    

terça-feira, 17 de junho de 2014

Hipocrisia musical



Falar é fácil, agir nem tanto. Como fala a tão famosa e repetida frase: a teoria na prática é outra. Talvez seja por essa a razão que muitos falam, criticam e avaliam os outros, mas não agem como pregam e muitas vezes terminam agindo como aquelas pessoas que criticara. Não há dificuldade em dizer o que faria se fosse aquela outra pessoa ou qual o correto a ser feito, mas o difícil é se colocar no lugar do outro ou naquela situação. De acordo com o dicionário Aurélio, hipocrisia é o “vício que consiste em aparentar uma virtude, um sentimento que não se tem”. Uma falsidade contada para você mesmo e para os outros.

Em todos os lugares, em todos os casos nós podemos encontrar esse vício. Na música não é diferente. São muitos os que escrevem e que cantam o que verdadeiramente não sente. A este fato dou o nome de hipocrisia musical. O ato de compor é poético quando verdadeiro, quando o poeta nos relata o que vem de sua alma, o que ele tem vontade de dizer para o mundo. É como transbordar seus sentimentos através de palavras e de sons. A partir disso, nós sentimos o que ele sente, ou até mais do que ele sente. Do contrário não sabemos se se pode classificar como poético.

Lamentavelmente, na atualidade não é difícil ver alguém cantando o que nunca sentiu ou o que nunca viveu, numa tentativa frustrada de fabricar sentimentos. Dentro desse processo de produção em massa da música, as emoções vêm sendo fabricadas, como produtos padronizados e plastificados na tentativa de atingir público que a cada dia vem se importando menos sobre as origens e a poesia do que se escuta. A hipocrisia musical, assim como a poética, ajuda na banalização do sentimento, da emoção e da poesia. Ela não se preocupa com as consequências que pode causar, ela é individualista e visa sua boa colocação nas mídias por estar padronizada com os produtos que são os sucessos atuais.

Na verdade, poesia e padronização não combinam em nada. A poesia é a arte de inovar, é dizer o indizível, é imaginar o inimaginável.  Também não combina com a hipocrisia, já que nela não há falsidade, e se um dia houver, será uma falsidade sentimental e precisa diferindo daquela falsidade seca, falsidade falsa. A hipocrisia deve ser evitada em qualquer forma, não só na música e poesia. De fato todos nós somos um pouco hipócrita, é totalmente válido dizer isso, seria um hipócrita se não dissesse, mas sempre tento evitar. O que escrevo aqui, são inspirações que surgem quando eu menos espero e quando não tenho o que escrever, não escrevo.


Se escrevermos, cantarmos, compormos sem mentiras, sem hipocrisia, teremos um mundo mais poético, mais inovador, mais transparente, mais sentimental e menos falso. 

domingo, 15 de junho de 2014

Se eu morrer num sábado de aleluia...



Se eu morrer num sábado de aleluia 
E for levado ao campo mortuário, 
Se alguém visitar o meu calvário, 
Jogue água em cima com uma cuia. 
Leve junto a viola de imbuia, 
deixe em cima da minha sepultura. 
Muito embora que fique uma mistura 
De arame, de pus, terra e madeira, 
A viola é a única companheira 
 Do poeta nas horas de amargura. 

(Manoel Xudú)

Falando musicalmente...


 "Se a chuva cai e o sol não sai, penso em você. Vontade de viver mais, em paz com o mundo e comigo..."

(Chico Cesar-Pensar em Você)

Meu amor, meu amorzinho - Maria da Paz

A pernambucana Maria da Paz, traz uma paz e encantamento na sua voz. Esses atributos foram reconhecidos desde os seus nove anos de idade, quando foi escolhida como a segunda melhor voz do Nordeste no concurso "A mais bela voz do Nordeste". Nascida no dia de 25 de março de 1959, em Jaboatão dos Guararapes-PE. Criada às margens do Rio Pajeú, na cidade de Afogados da Ingazeira, encontrou, desde de cedo, na música, a sua maneira de viver. Nesse vídeo Maria da Paz, que além de cantora é instrumentista, acompanhada pelo músico Bruno Serroni interpreta a música: Meu amor, meu amorzinho. 

Música: Meu amor, meu amorzinho.
Autores: Maria da Paz e Jotta Moreno. 


sábado, 14 de junho de 2014

Ponto de equilíbrio



A busca pelo ponto de equilíbrio não cessa e não deve cessar. Acredito que em tudo na vida devemos ter equilíbrio. São muitos os momentos que nos exigem demais ou onde nós relaxamos demais, mas o ideal é equilibrar-se. A depressão surge como uma doença muito forte nesse século, e uma das causas para que ela nos domine é a falta de equilíbrio emocional. É como se fugíssemos de nós mesmos ou saíssemos do prumo, do eixo de segurança.

É certo que na vida não temos como permanecer sempre em equilíbrio, e por isso devemos sempre buscar essas ferramentas que nos ajudam na auto-regulagem. A música aparece com um enorme potencial terapêutico e nós devemos utilizá-la. Mas é sempre bom alertar para o bom uso da música, até porque ela (como tudo na vida) pode inspirar tanto para o bem, quanto para o mal. Tal efeito musical vai depender da interação entre nós e a música, dos nossos desejos e da mensagem que ela nos trás. Assim, ela possui o poder de nos equilibrar e de nos desequilibrar. Cabe a nós escutarmos música visando o nosso bem, nosso equilíbrio e o equilíbrio para todo mundo, até porque sem um mundo desequilibrado como podemos nos equilibrar?   

A música é um ótimo instrumento para que nós possamos conseguir tal equilíbrio. A musicoterapia veio nos revelar muito sobre isso. Essa ciência nos apresenta a música com várias facetas, entre elas a música como instrumento de inspiração, técnica chamada de música para inspiração. Essa é a técnica utilizada para facilitar a meditação religiosa ou experiências espirituais. Além dela, a meditação com mantras e o transe com percussão são formas existentes que utilizam a regularidade da música para atingir a transcendência, o autocontrole e o equilíbrio.
  
Assim como a música, devemos buscar todos os outros instrumentos que a vida nos oferece para que consigamos seguir nosso rumo tranquilos e conscientes. Entre o bom senso e a má educação, o bem e o mal, a lucidez e a loucura, a linha é tênue. Por isso devemos manter nossa cabeça no lugar, aproveitar o bom da vida e nos apegar ao que nos deixa feliz, esse é um ótimo começo para que continuemos equilibrados nessa corda que balança, mas não nos derruba, pois os verdadeiros e bons artistas não caem facilmente. Até mesmo se um dia chegarem a cair rapidamente eles se levantarão e perceberão que a queda foi um mero detalhe, que só serviu para torná-los mais experientes e melhores.

terça-feira, 10 de junho de 2014

Falando musicalmente...

 
"Volto pra casa abatida, desencantada da vida. O sonho alegria me dá: nele você está." 
Ronda - Paulo Vanzolini

A prisão...



A prisão é sinistra, amarga e feia 
Dum velório tem pouca diferença 
Não conheço quem vá pedir licença 
Pra entrar no portão duma cadeia 
Só à noite, depois que a lua alteia 
Aparecem sinais de claridade 
Uma sombra distante oculta a grade 
Limitando a visão do indeciso 
Uma gota de pranto molha o riso 
Quando o preso recebe a liberdade. 

Manoel Filó (poeta repentista)

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Mais Chicos Pinheiros na Globo



Já venho criticando a mídia há algum tempo por ela tanto contribuir na produção em série de músicas superficiais e efêmeras, claro, visando sempre seus interesses financeiros. Hoje eu poderia até fazer um pouco diferente e elogiar a rede Globo de televisão pelo ótimo programa São João do Nordeste exibido ontem, afinal sempre devemos prezar pela justiça, não é? Mas não vejo muita justiça nesse caso.

Nesse artigo, os elogios não são para rede Globo, e sim para Chico Pinheiro, jornalista que há algum tempo já vem levantando a bandeira da cultura e mostrando, dentro da emissora do plim plim, o que temos de melhor no nosso Brasil de ontem, hoje e amanhã.

O programa São João do Nordeste, exibido nessa última madrugada, do sábado (07/06) para o domingo (08/06), me deixou muito feliz por me possibilitar ver um programa de tão alta qualidade musical sendo transmitido pela maior empresa de comunicação do nosso país. Em um programa só, Chico conseguiu reunir artistas consagrados nordestinos, assim também como novas promessas da música brasileira: Chico César, Zeca Baleiro, Xangai, Chambinho, Lidia Maria, Thaís Nogueira e Zé Manoel.

O programa teve como homenageada a eterna Anastácia, que junto a todos esses artistas, cantou e encantou a todos nós. Ao programa só tenho elogios, mas ao canal, apesar de agradecido pelo programa, tenho algumas críticas que responderão o porquê da injustiça por parte da Rede Globo, citada no início deste texto.

Um programa desse nível não poderia ir ao ar mais cedo? Programas como esse só vão ao ar nas madrugadas ou cedinho da manhã, horários onde o grande público não tem chance de assisti-los. Ainda há quem tente explicar dizendo que é um horário para um “público seleto”, pois o povão não dará audiência a esse estilo de programa. Mas o povão nunca dará audiência a esse tipo de programa se nunca tiver a chance de nunca ver isso nas grandes mídias em horários nobres. Afinal, onde anda a responsabilidade social da Rede Globo com a população brasileira?

Outra crítica que faço é por a Rede Globo limitar programas como esse para a região Nordeste, impedindo que as outras regiões consumam também a nossa cultura, estabelecendo um muro invisível entre essas culturas, muro esse controlado pela própria mídia.  São fatos como esses que fazem com que percebamos que é a grande mídia que estabelece qual a cultura dominante no nosso país e quais são as dominadas e caladas por não ter a apoio necessário para se mostrar nacionalmente.  

Justiça é termos uma democracia cultural. Por isso, a maior razão deste artigo é apoiar Chico Pinheiro, que com seu gosto musical apurado, tanto busca apoiar a nossa rica cultura brasileira com programas de altíssimos níveis como Sarau e São João do Nordeste.

Fica o manifesto por mais programas desse estilo na rede Globo e em toda mídia nacional, como também o desejo de mais Chicos Pinheiros na Rede Globo. 

sexta-feira, 6 de junho de 2014

BMH Entrevista - Vander Lee



Cantor, compositor, poeta, amante da música... São essas algumas palavras que utilizo na tentativa frustrada de definir o fantástico músico mineiro, Vander Lee. Com mais de vinte anos de carreira e com composições eternizadas na voz de grandes intérpretes brasileiras, como Elza Soares, Maria Bethânia e Gal Costa, Vander Lee não para de alimentar nossa alma com belas canções e se prepara para lançar seu mais novo CD: Loa. De passagem por Mossoró-RN nesse último final de semana, 30/05/14, ele encontrou um tempo para nos responder musicalmente e deixou um recado para todos os leitores do nosso blog. Confiram!

Blog MH - Como surgiu sua paixão pela música e em qual momento você decidiu que iria ter a música também como profissão? 
Vander Lee - A música surgiu em minha vida, assim como da minha família, através do meu pai, violonista nas horas vagas. Logo depois veio o rádio, as primeiras tentativas de estudar violão... mas acho que só aos vinte anos decidi fazer isso minha profissão.

Blog MH - Qual foi o artista de nome nacional que primeiro divulgou a poesia das composições do Vander Lee? 
Vander Lee - Elza Soares me descobriu, foi a primeira estrela a enxergar em mim um talento que poderia dar certo.

Blog MH- Você é um dos grandes novos nomes da MPB, como: Chico César, Maria Gadu, Marcelo Jeneci, entre outros. Mas, infelizmente, vocês não têm o mesmo espaço que outros artistas possuem na mídia. Como você enxerga tudo isso?
Vander Lee - Acho isso um retrato do Brasil. A falta de acesso que existe nos meios de comunicação ainda mostra um povo acomodado e pouco afeito a novidade...

Blog MH - Como você avalia a música brasileira na atualidade? 
Vander Lee - Acho que a música brasileira sempre esteve muito bem, a despeito das dificuldades que enfrenta. Essa geração está pegando um período de muitas mudanças de paradigmas, novas políticas culturais, novas formas de fazer musica, novos modelos de distribuição.... mas acho que pros jovens está mais fácil do que foram para outras gerações. Essa geração representa a possibilidade de se fazer uma carreira no estilo "Faça você mesmo"...

Blog MH- Seu mais novo CD traz o título “SAMBARROCO”, qual sua relação com o samba? 
Vander Lee - Existe essa relação com o samba desde sempre, através de meu pai, daquilo que ouvi durante a vida e resulta em sambas autorais desde que comecei a compor.

Blog MH- Qual o segredo de tanta poesia cheia de romantismo e lirismo? Vem do meio em que você viveu a juventude ou são raízes de sua família? 
Vander Lee - Acho que isso vem da minha personalidade mesmo, nunca fui muito diferente disso. Tenho dificuldade com a falta de poesia na vida, a falta de doçura, de educação, de romantismo..

Blog MH - Você sente falta, nos dias de hoje, dos grandes festivais de outrora onde foram revelados grandes talentos? 
Vander Lee - Acho que esses programas de competição na tv são os festivais do momento, com as características que dão vazão a uma musica mais pop, sem compromisso com a cultura brasileira. Esses concursos surgiram porque os festivais como eram esgotaram uma fórmula, não se renovaram...

Blog MH - O que é compor, Vander Lee? 
Vander Lee - Juntar coisas soltas e dar uma forma que conte uma historia que represente um momento, uma imagem, um fato...

Blog MH- Você poderia definir a música? 
Vander Lee - A matemática sonora e sensorial do tempo.

Um bate pronto, rapidinho... 

Blog MH - Depois de ser gravado por grandes nomes, Vander Lee ainda sonha em escutar sua música na voz de... 
Vander Lee - MUita genteeee!!!!

Blog MH - Um gênero musical? 
Vander Lee - Todos.

Blog MH- Uma música que te represente ou que marcou sua vida? 
Vander Lee - Nesse momento, "Tú", do meu novo cd LOA, que sai jajá!

Blog MH - Espero que você volte novamente a Mossoró para mostrar mais o seu trabalho. Não nos deixe aqui "esperando aviões". Um forte abraço e sucesso sempre. Para finalizar, você poderia deixar um recado para todos os leitores do Musicalmente Humano que, como você, são todos românticos apaixonados pela música e poesia? 
Vander Lee - Fiquem bem, tenham fé, força, saúde e paz pra desfrutar a música em todo o seu esplendor...


quarta-feira, 4 de junho de 2014

Desabafo musical



A música me dominou. É mais forte que eu, mas tiro proveito disso. Além de indescritível ela é persuasiva e, sem muita dificuldade, conquista seu/meu território facilmente. O que merece ser admirado é que essa persuasão não inicia quando a música começa a ser executada, e sim desde o momento de sede e dependência que ela lhe causa. É essa a razão que faz com que a escolhamos e a escutamos. A madrugada me inspira e eu coloco mais um álbum a ser executado. O que faziam, o que queriam e o que sentiam esses compositores e músicos quando escreviam essas poesias?

São tantas obras primas ainda não escutadas. Necessito de tantas madrugadas para escutar tudo o que posso. Tenho a vontade de escutar o mundo. Quantos artistas sem palco, sem disco, sem estímulo, mas com inspiração para me inspirar. Por justiça, por um bem universal, abram alas para a boa música, libertem a poesia, viva a arte que de algum modo nos enriquece, nos ilumina e nos felicita!

Neste momento escuto um maravilhoso álbum, minha mente viaja no tempo e minhas emoções afloram como se só precisassem dessas músicas para se fazerem sensíveis. Tenho ao meu lado meu violão, meu amigo de poesia, um mediador entre eu e um sentimento sublime de felicidade. A vida necessita de mais poesia, menos prosa, mais emoção, menos racionalidade, mais equilíbrio. Lutarei por momentos poéticos, ao menos minutos, durante todos os dias, seja onde for, em casa, no trabalho, na escola, universidade... O importante é nos sentir mais humanos através da arte.  

Que não abandonemos a característica que nos é inerente, somos todos seres musicais, logo imagino que somos todos poetas. Temos a devida afinidade com a poesia. Através desse humilde blog, inicio o movimento pró-poesia, pró-felicidade, pró-inspiração. Larguemos os discursos padronizados e politicamente corretos para o mundo e o sistema vigente. Vamos todos aderir ao movimento poeticamente pensado e sentido. Assim colorimos nossas vidas, damos sentido a ela, e nos tornamos em essência mais parecidos com Deus.  

terça-feira, 3 de junho de 2014

Não consigo ter a raiva de ninguém...



Não arquivo tristeza nem rancor, 
Nem exponho meu próximo a episódios 
O meu peito é blindado contra o ódio, 
Mas é todo acessível pro amor. 
Não consigo, sequer, mudar de cor 
Quando sou ofendido por alguém. 
Meu silencio é a voz que vai além, 
Eu já mais me permito revidar… 
É perdido a vingança me atiçar, 
Não consigo ter raiva de ninguém. 

(Zé Adalberto - Poeta popular)

Seu Maloka - Sr. Brasil

Ex-jogador de basquete, Marcão era morador de favela, em Salvador-BA, e ensinava basquete para as crianças da comunidade quando percebeu que arte e esporte era uma dupla essencial para a oferta de um futuro promissor para todas aquelas crianças. Observando os quiques da bola no chão, durante os jogos de basquete ele pôde perceber que naquela partida também havia música e dança. 

Na visão além mar do professor e artista Marcão, as partidas de basquete também eram um show de coreografias, foi aí que ele decidiu iniciar seu projeto onde mistura o basquete com a dança e com os ritmos brasileiros. 

Hoje, Marcão, também conhecido como Seu Maloka, sonha mais alto. Junto com grafiteiros da cidade de São Paulo, ele planeja a recuperação dos espaços abandonados e deteriorados da capital paulista através da união entre esporte, música, dança e artes plásticas. Tal projeto visa a instalação de tabelas de basquete e pistas de skate nesses espaços abandonados que juntamente com o embelezamento desses locais realizado pelos grafiteiros darão vida aos espaços antes utilizáveis somente como um refúgio para dependentes químicos. 

Tiremos o chapéu para Seu Maloka e o utilizemos como exemplo. Nesse vídeo, ele demonstra sua musicalidade e poesia cantando "Haiti", música de Caetano e Gil.

Música: Haiti
Autores: Caetano Veloso e Gilberto Gil 



Falando musicalmente...

"E assim,  quem nos encontra nunca irá supor que foste meu fugaz, meu grande amor de outrora e que também outrora eu fui teu grande amor..."

(Marcos Ferreira e Genildo Costa)

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Enéias Xavier - Jamba

 

Graças ao meu bom Deus, esse mundo sempre nos presenteia com um bom papo e uma boa música, nos possibilitando conhecer o valioso desconhecido. Nesse final de semana, eu tive o prazer de conhecer e conversar com o músico Enéias Xavier. 

Multi-instrumentista (contrabaixista, pianista, violonista, guitarrista, flautista...), arranjador, produtor, professor de música, lecionou como professor convidado no CEM - Curso de Extensão em Música da UFMG,  ele atualmente roda o Brasil acompanhando o outro talentoso e poeta, Vander Lee. Podemos nos encantar com seu currículo quando vemos com quem ele já dividiu o palco e gravou. São eternas figuras da música, como: Toninho Horta, Flávio Venturini, Milton Nascimento, Samuel Rosa, entre muitos outros. Durante sua trajetória musical, já gravou três CD's: Jamba (2004), O peregrino (2008) e seu mais recente trabalho intitulado de Novo tempo (2011).

O primeiro, "Jamba" (2004), como o próprio nome nos revela, traz uma mistura de gêneros muito interessante entre o jazz e o samba, com destaques para algumas faixas, como "Inspiração na Esquina" (homenagem a Toninho Horta) e "Saudades do Recife, um frevo bem ritmado". 

Vencedor do 3º prêmio BDMG Instrumental e do prêmio Conexão Telemig Celular, em 2004, Enéias já participou de diversos projetos como Especial Rede Minas, TIM Jazz Festival, Coca Cola Jazz Festival, Música de Domingo (1999 e 2004), Casa Cor Jazz Club e do Show do Centenário de Belo Horizonte. 

Mais uma joia de Minas e do Brasil, mais um que apenas precisa de chances nos palcos da vida para nos ensinar a sermos cada vez mais musicalmente humanos. 




Segue o link para download do CD Jamba: 
http://www.4shared.com/rar/mgT7eUUQ/enias_xavier_-_jamba_2004.html

domingo, 1 de junho de 2014

A magia do teatro



Há tempos eu não ia a um show de música no teatro, infelizmente, não é todo mês que tenho a oportunidade de ver verdadeiros artistas e/ou poetas que encham meus olhos de brilho e me faça ir ao teatro assisti-los. No primeiro momento que entrei, me veio aquela nostalgia e lembrança de tantos shows e momentos marcantes que me inspiraram e fizeram com que eu me envolvesse com a música cada vez mais. Ao entrar sou envolvido com aquele som acústico e atraente que adentra meus ouvidos, minha mente, meu corpo sem pedir licença, agindo como uma massagem sonora. É algo sublime.

A música era a atração, todos estavam ali para escutá-la, assim como para apreciar a poesia musical daquele artista do dia. São muitas pessoas que poderiam estar fazendo qualquer outra coisa, mas que decidiram ir ao teatro para serem massageadas sonoramente com poesia, como eu. O poder da música é fascinante, assim como o espetáculo em si que promove uma interação intensa proporcionada pela proximidade do ídolo, tantas vezes escutado, tantas vezes mencionado, cantado e tocado por muitos que estavam na platéia.

O teatro é como um fone de ouvido gigante e coletivo. Tenho o prazer de partilhar aquele momento com todos que estão ali comigo. Além de momentos, ainda compartilhamos felicidade, sentimentos, acontecimentos, a vontade de mais uma no término do show e a depressão pós-show causada pelo choque de realidade que aquele momento não irá se repetir de novo. Realmente, bons espetáculos são raros, são únicos e uma vez aproveitados são guardados para sempre na memória.  


Com todo o valor agregado que nos é oferecido pelos bons shows, permanece aquela vontade e curiosidade sobre o próximo show. A ansiedade até o próximo é grande. Que seja grande a ansiedade, mas que não seja longa a espera. Que tenhamos mais shows em teatro e que mais pessoas frequentem esses espetáculos, assim ganhamos nós, ganham os artistas, ganha o público, ganha a poesia, a música e a vida.