O que não existe pode ser
mistério, pode ser supervalorizado, desvalorizado ou até mesmo ignorado. Fato é
que aquilo que ainda é inexistente nos move de certa maneira. Em uma dessas
tardes de pensamentos que voam além da conta, pensamos aquilo que nunca tínhamos
pensado antes e logo essa nova ideia nos intriga. Isso acontece, pois quando
descobrimos o novo, quase sempre ficamos fascinados por ele, afinal, o novo nos
empurra para frente e nos faz caminhar sempre.
O novo surge do inexistente e
geralmente nos apegamos a ele, vide quando escutamos uma nova música. Ela antes
não existia, mas agora que a conhecemos nos apegamos a ela, muitas vezes
esquecendo um pouco o nosso ex-apego que agora se torna antigo. O mesmo
ocorrerá com esse novo que acabou de surgir, basta outra novidade aparecer, e
assim segue a vida. Nesses pensamentos filosóficos em que muitas vezes nos
prendemos, liberamos a nossa imaginação, fazendo com que ela trabalhe mais um
pouco. Eis a democracia do pensamento próprio, então é quando chego a me
deparar com a questão: e se o que existe não existisse? Ainda vou mais além: o
que não existe e me faz falta?
Quando penso isso, reflito de uma
maneira generalizada, sem especificar o que. Pode ser sobre uma pessoa, uma
música, bens materiais, tecnologias, etc. Chega a ser estranho pensar que algo
que existia há pouco tempo, hoje não existe e isso me faz falta. Assim como
imaginar que o que não existe pode passar a existir e mudar toda a minha vida.
São nos detalhes da vida que se mostram os valores.
A lição que fica desses pensamentos é o de que
devemos valorizar aquilo que existe, além de não parar de buscar o inexistente,
pois o novo nos faz caminhar. O existente não deve ser tratado como desprezo e
indiferença, nem também ser chamado de velho, pois é com ele que aprendemos
todos os dias, dependemos dele para gerar o novo. Na busca por essa novidade é
válido saber que ela pode não existir como pensávamos, ou nem mesmo existir,
afinal, o novo é desconhecido, e como tudo aquilo que não conhecemos devemos
nos envolver cuidadosamente com ele.