Eu lembro que uma das principais
fontes para o meu acervo pessoal musical era o rádio. Depois do meu pai, esse
era o principal meio onde eu conhecia novas músicas e me interessava mais ainda
por esse vasto mundo desconhecido, podendo assim conhecer novas canções, compositores
e intérpretes que até hoje estão marcados e guardados em mim. Hoje não escuto o
rádio com a mesma freqüência que antes eu escutava, mas nas vezes que escuto
posso notar a escassez de novas músicas que me surpreendam e que eu possa
anexar no meu repertório musical.
Claro que ainda há poucas rádios
onde se toca músicas interessantes e vez em quando aparece uma que me atrai.
Escuto a letra, sou atraído pela melodia e envolvido por tal música e felizmente
já adiciono ao meu menu musical. Mas de fato isso vem ocorrendo com menos
frequencia. Essas rádios que tocam música popular brasileira de melhor qualidade,
atualmente se limitam a repetir grandes sucessos de antigamente, de outras
décadas, onde nesse tempo se lançava e se conhecia boas novas frequentemente.
Não acredito que vivemos em uma
era onde a nossa safra da boa música brasileira vive período de estiagem.
Prefiro acreditar que os nossos grandes desconhecidos artistas estão escondidos
por detrás de uma cortina invisível estabelecida por um conjunto de fatores
como a mídia e o poder público que não apoiam nossas novas mentes e vozes
musicais. A música brasileira não parou de produzir os bons frutos, são muitos
os novos nomes da boa música nacional vivendo no anonimato.
São muitos, também, os gênios da
nossa música que, como diz o poeta, estão guardados na gaveta. Artistas que
compuseram, cantaram e encantaram a muitos com a sua musicalidade, hoje vivem
esquecidos, guardados, injustiçados. Apesar de esquecidos, suas músicas continuam
eternas, como uma forma irônica de responder a tudo aquilo que provoca tal
injustiça. São músicas com vida própria, nome e sobrenome.
O rádio é um dos culpados por
essa aparente escassez de boas e novas músicas brasileiras. Assim como também
nós, povo em geral que não pleiteamos o contrário. Vivemos acomodados nessa
situação, virando e mexendo o rádio, procurando algo que não encontramos até o desligarmos
de novo. Que não nos acostumemos com essa realidade e que o rádio retorne com o
seu poder de nos mostrar a variedade, o novo e o bom da música.
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