Podemos perceber em uma orquestra
uma organização sensacional. O número certo de músicos para cada instrumento,
cada músico com o seu devido instrumento e entrando na hora que deve entrar.
Ninguém ultrapassa o outro, ninguém quer demonstrar que toca mais que outro e
todos observam o maestro que, como um líder organizacional, rege aquele grupo
de músicos com um único objetivo, o de tocar aquelas peças musicais. A
organização é fundamental para a nossa sociedade, e podemos aprendê-la também
com a música.
O que percebemos no mundo atual é
um grande número de pessoas agindo fora do seu lugar. Elas não deveriam estar
ali, estão atrapalhando a nossa orquestra. Hoje o lugar e função são escolhidos
pelo que convém, pelo prêmio final, pela recompensa. Quantas pessoas driblam
seu próprio perfil tentando buscar algo melhor para a sua vida, um lugar de
prestígio. Essas pessoas só enganam a si mesmas, atrapalham a organização
natural das coisas.
Os discursos capitalísticos e
estimuladores por uma vida com boas condições financeiras, incentivam todos os
dias um pensamento de desapego dos sentimentos pessoais e abandono de ideais,
por uma razão que afirmam ser recompensada com a futura realização financeira.
Contraditoriamente, pregam esse discurso juntamente com outro que fala sobre
auto-realização. Seria mesmo possível uma separação dos sentimentos e ideais
pessoais da auto-realização?
O status social é o alvo de muitos,
mesmo que seja necessário o sacrifício e o trauma na consciência pessoal. O
válido é se adequar ao status, afinal, talvez ele nunca se adéque a você. Mas,
em meio a todo esse simbolismo da nossa sociedade, construído por nós mesmo
(sociedade) é difícil fugir de tal pressão e “pensar fora da caixa”, jargão já
manjado e utilizado demasiadamente, perdendo o próprio valor de suas palavras e
já sendo usado dentro da lógica e paradigma mundial atual, onde o prestígio
social vale mais que a realização pessoal.
Na canção do mundo as pessoas não
se escutam mais, pior, escutam mais os outros. Ao invés do bom senso, as
pessoas acreditam naquilo que lhe convém, no que trará benefícios pessoais. É a
era do individualismo, o Bloco do Eu Sozinho. Valores, moral e ética são
esquecidos em prol de um mundo melhor, mas para si.
Acredito que se todos atuassem
onde gostam e trabalhassem com o que amam, todos estariam onde deveriam estar, ninguém tomaria o lugar de ninguém e uma cooperação natural e solidária
começaria a fluir naturalmente. Quando ocupamos o nosso lugar, o mundo torna-se
uma grande orquestra. No nosso cotidiano e afazeres tocamos a música
harmonicamente com todos os outros, regidos por um maestro que considero o
melhor do mundo: nós mesmos.
Acompanhado por Dominguinhos e pelos músicos Arismar do Espirito Santo, Heraldo do Monte e Robertinho Silva, Gilberto Gil interpreta "Tenho sede". O próprio Gil nos leva a uma verdadeira viagem no tempo e ao fundo da alma.
Depois eu parei pra ver,
Perto de uma pedreira,
Quatro homens construindo
De pedra uma cadeira...
Eu perguntei a um deles:
-Por que não faz de madeira?
Disse: -"Não temos coragem
De cortar uma árvore bela
Pra fazer uma cadeira
Somente pra sentar nela.
Achamos melhor ficarmos
Sentados na sombra dela."
Eu lembro que uma das principais
fontes para o meu acervo pessoal musical era o rádio. Depois do meu pai, esse
era o principal meio onde eu conhecia novas músicas e me interessava mais ainda
por esse vasto mundo desconhecido, podendo assim conhecer novas canções, compositores
e intérpretes que até hoje estão marcados e guardados em mim. Hoje não escuto o
rádio com a mesma freqüência que antes eu escutava, mas nas vezes que escuto
posso notar a escassez de novas músicas que me surpreendam e que eu possa
anexar no meu repertório musical.
Claro que ainda há poucas rádios
onde se toca músicas interessantes e vez em quando aparece uma que me atrai.
Escuto a letra, sou atraído pela melodia e envolvido por tal música e felizmente
já adiciono ao meu menu musical. Mas de fato isso vem ocorrendo com menos
frequencia. Essas rádios que tocam música popular brasileira de melhor qualidade,
atualmente se limitam a repetir grandes sucessos de antigamente, de outras
décadas, onde nesse tempo se lançava e se conhecia boas novas frequentemente.
Não acredito que vivemos em uma
era onde a nossa safra da boa música brasileira vive período de estiagem.
Prefiro acreditar que os nossos grandes desconhecidos artistas estão escondidos
por detrás de uma cortina invisível estabelecida por um conjunto de fatores
como a mídia e o poder público que não apoiam nossas novas mentes e vozes
musicais. A música brasileira não parou de produzir os bons frutos, são muitos
os novos nomes da boa música nacional vivendo no anonimato.
São muitos, também, os gênios da
nossa música que, como diz o poeta, estão guardados na gaveta. Artistas que
compuseram, cantaram e encantaram a muitos com a sua musicalidade, hoje vivem
esquecidos, guardados, injustiçados. Apesar de esquecidos, suas músicas continuam
eternas, como uma forma irônica de responder a tudo aquilo que provoca tal
injustiça. São músicas com vida própria, nome e sobrenome.
O rádio é um dos culpados por
essa aparente escassez de boas e novas músicas brasileiras. Assim como também
nós, povo em geral que não pleiteamos o contrário. Vivemos acomodados nessa
situação, virando e mexendo o rádio, procurando algo que não encontramos até o desligarmos
de novo. Que não nos acostumemos com essa realidade e que o rádio retorne com o
seu poder de nos mostrar a variedade, o novo e o bom da música.
Chorão conhecido em Mossoró, integrante do grupo de choro Ingênuo, professor do Conservatório de Música D'Alva Stella Nogueira Freire (UERN), graduado em música, especialista em artes e musicoterapia. Esse é o currículo de Fábio Roberto Monteiro, nascido no dia 30 de junho de 1980, dia em que o Papa João Paulo II chegava ao Brasil. Por esse fato, segundo o próprio relato, teria o nome de João Paulo, mas como a tia gostava muito de Fábio Júnior e a mãe era fã de Roberto Carlos ganhou o nome de Fábio Roberto, a junção dos nomes desses dois cantores brasileiros. Como ele próprio disse, tinha a música como sua sina. Uma entrevista musical com o Fabinho do cavaco.
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MH - Como começou sua relação com a música?
Fábio
Roberto - Minha relação com a música começou quando eu fui
coroinha da igreja do bairro paredões, Mossoró, e lá tinha um projeto chamado
de Projeto Esperança, idealizado pelo Padre Guido Toledo, esse projeto
reunia o pessoal do bairro. Neste projeto eram ofertados muitos cursos,
inclusive cursos de música. Então, comecei a me envolver com a música
quando eu entrei no curso de percussão. Depois daí, um amigo meu que conheci no
Projeto Esperança, me chamou para montar um grupo de pagode, na época o pagode
estava em alta, e então montamos o “Swing do Samba”. Esse meu amigo tocava percussão
muito bem e também, cavaquinho, então começamos a banda comigo tocando tantam.
Certa vez o braço do cavaquinho da banda, que não era muito bom, rompeu e então, o meu amigo cavaquinista o abandonou. Assim, eu pedi para que ele me deixasse ficar
com o cavaquinho para eu tentar aprender alguma coisa. Ele me deu o cavaquinho,
eu consertei o braço, mandei colar, e comecei a estudar. Daí eu comecei a
gostar, e me identificar com o cavaquinho, que foi meu primeiro instrumento,
nessa época eu tinha de 17 a 18 anos, idade que muitos consideram tarde para o
começo de uma carreira musical, quando a idade indicada para se começar a
estudar música, para se tornar um grande músico, é de 6 a 10 anos. Então
eu comecei a tocar cavaquinho na nossa banda Swing do Samba. Lembro que nessa
época eu ia ver um senhor chamado Totonho que tocava cavaquinho, mas como ele
era canhoto eu não conseguia compreender bem os acordes que ele fazia e foi aí
que entrei na escola de artes da prefeitura de Mossoró e comecei a ter aulas
com o professor Carlos Batista. Nessa época a nossa banda já tocava em alguns
lugares, na noite. No decorrer que eu fui estudando música, a banda também foi
se estruturando, aumentando o número de instrumentos e assim foi se tornando
algo mais sério, já que antes era mais uma brincadeira. Lembro que nessa época,
em Mossoró, tinha tudo do samba: Inalasamba, entre outras e também Swing do
Samba. Quando eu vi que eu estava desenvolvendo o estudo do cavaquinho, optei
por entrar no Conservatório de Música, e assim foi, tentei, mas não passei na
primeira vez, fiquei na suplência, mas aí alguém desistiu, me ligaram e
disseram que tinha uma vaga. Assim eu consegui entrar no conservatório (nada foi
fácil!). No conservatório eu queria aprender cavaquinho, mas não tinha
professor. Então apareceu uma vaga para cavaquinho no Grupo de Chorinho do
Conservatório, já que faltava cavaquinho. Eu fiz o teste, o pessoal gostou e eu
entrei para o grupo. Esse foi mais um estímulo para que eu desenvolvesse mais ainda
meus estudos, já que eu participava então do grupo de chorinho do Conservatório
de Música de Mossoró, acompanhando pessoas muito mais experientes que eu, como:
maestro Batista, Lima Neto entre outros. Assim começou minha carreira musica.
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MH –Como se deu a escolha da música como sua profissão?
Fábio
Roberto – Eu acredito que quando as coisas têm que ser, elas
caminham naturalmente.Eu participava
do grupo de chorinho e fazia um curso de manutenção de computadores. Eu já
tinha certa experiência nessa área e a instituição encaminhava os alunos com
melhores notas para algumas empresas. Eu fui encaminhado, então, para uma loja
bem conceituada daqui da cidade. Nesse caso, eu teria que deixar o grupo de
chorinho para começar a trabalhar lá. Mas aí o gerente da loja disse que não ia dar certo, pois já tinham sido indicados antes alguns alunos do IFRN, na época
o CEFET (que era uma instituição bem mais conceituada) e então fiquei sem meu
emprego, mas com a promessa do gerente da loja de me encaminhar para outro
local que estava precisando de um técnico. Na semana que iam me encaminhar para
outra loja, Lima Neto, do grupo de choro do Conservatório, me falou que eu iria
começar a receber uma bolsa para tocar no grupo. A bolsa era menor que o
salário da loja, mas aí eu analisei o que eu queria para a minha vida. Foi
nesse momento que parei, pensei e vi que seria músico. O engraçado é que antes
eu não pensava em ser professor, lembro que no início de tudo e com um cartão
de um amigo, eu comprei umas videoaulas para aprender cavaquinho e esse amigo me
falava que eu iria utilizá-las para ensinar para meus alunos, mas eu não me
imaginava como professor. No fim terminei utilizando essas videoaulas com meus
alunos (risos). Outra decisão importante que tive que tomar foi quando
eu participava do grupo samba nobre, na época se chamava Faixa Nobre, e já
tinha conseguido entrar na universidade, no curso de música. Meu tempo estava
muito cheio, tinha monografia, outras disciplinas da faculdade, tinha meus
choros para fazer... Então eu pensei: ou eu continuo na banda, onde era muito
bom o ambiente e eu me divertia muito, ou terminarei o curso regular e no tempo
certo. Então fui falar com André da Mata (cantor da banda) e disse para ele que
gostava muito da banda, mas iria priorizar a faculdade. E assim, consegui
terminar o curso no tempo certo, o que me possibilitou participar e passar no concurso
de professor para o Conservatório, onde estou até hoje.
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MH –Até agora deu para perceber que o choro é bastante importante para você. Mas
como você vê a importância do choro para o Brasil?
Fábio
Roberto – Além do Ingênuo (grupo de choro da universidade) onde
estou há 14 anos, também sou coordenador do Cá entre Nós, outro grupo de choro
daqui da cidade. Na verdade o choro é o avô dos outros gêneros (samba, bossa
nova) porque no início o choro era a maneira de tocar as músicas europeias e passou a ser totalmente brasileiro porque tocavam de uma maneira que não
se tocava na Europa. Depois foram criados alguns padrões, como: as
três partes do choro, B, A e C; contraponto; Improvisos. Depois do choro vem o
samba, a bossa nova... mas o choro é o primeiro gênero totalmente brasileiro,
apesar de muitos historiadores musicais alegarem que antes dos portugueses
chegarem aqui, existia músicas indígenas com flautas, flautas de nariz entre
outros instrumentos típicos. Mas com harmonia, melodia e ritmo, o choro foi o
primeiro gênero musical brasileiro. Um gênero de alta qualidade, não é todo
mundo que toca um chorinho.
Blog
MH – Como você vê o choro no Brasil nos dias de hoje?
Fábio
Roberto - O choro passou por várias transformações. Ainda existem
chorões que seguram a bandeira do choro mais tradicional, já outros que são
mais modernos. Por exemplo o Hamilton de Holanda e o próprio Yamandu Costa, são
considerados chorões, porém eles têm a influência do jazz entre outros gêneros,
e vai aos poucos incrementando isso no choro...
Blog
MH –Você acha isso válido, Fábio?
Fábio
Roberto - Eu acho legal. Penso que a música tem que evoluir
sempre, mas não se pode esquecer as tradições, pois se você modernizar demais vai
deixar de ser choro, perde a identidade. Porém se existe equipamentos mais
modernos, como: captadores, microfones e até instrumentos que venham para
melhorar a qualidade sonora, a gente tem que utilizar, assim como estudos,
como: escalas e harmonias.
Blog
MH –Como você definiria a música?
Fábio
Roberto – Para mim primeiramente vem Deus, depois minha família e depois a música.
Toda hora eu penso em música, por exemplo, nesse momento eu estou conversando
com você e já estou com uma música na cabeça. Para falar um conceito sobre
música é difícil. A música é muito abrangente, não teria um conceito formado
agora para te falar agora.
Blog
MH –Então você acha que o ser humano está longe de encontrar um conceito pleno
sobre a música?
Fábio
Monteiro – O ser humano em geral ainda não entendeu a importância
da música para ele. Pela música é possível transformar uma pessoa de
várias formas. Se o homem entendesse isso seria tudo melhor. Até mesmo as
músicas que tocam nas rádios podem influenciar toda uma população, civilização, tanto para o bem quanto para o mal. Já existem pesquisas comprovando que vacas que
escutam música dão melhor leite, ou aplicação de música clássica para bananeiras e as
bananas nascem com um gosto melhor. Então, se o vegetal sofre influência,
imagine um ser o humano. Então é difícil descrever com palavras o que é.
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MH-Como a educação musical pode ajudar na transformação por um mundo melhor?
Fábio
Roberto – Se os governantes dessem a devida importância à música,
ou ao menos fizessem valer essa lei (nº 11.769, que obriga a música nas escolas) iria
beneficiar muita gente. Daria emprego para os graduados em música (licenciatura), incentivaria
as pessoas a terem uma melhor cultura, uma vivência e um estudo mais
aprofundado dentro da música. Através disso as pessoas começariam a ter uma
maior consciência sobre o poder da música sobre o ser humano. Infelizmente os
governantes deixam de valorizar não só a música, como também a arte como um todo. A educação é
a base de tudo, quando você tem uma boa educação, você tem uma boa saúde, por
entender mais sobre certas prevenções que devem ser feitas; Você respeita mais
outra pessoa, pois já que você entende a situação do outro, vai amá-lo mais. Então a
educação musical deve está incluída nessa educação tradicional.
Blog
MH -Você possui duas especializações, uma em arte e a outra em musicoterapia. Como
você acha que a arte pode nos tornar mais humano?
Fábio
Roberto - Muitas pessoas
são músicos, ou faz outro tipo de arte, mas quando você observa, você percebe
que a arte ainda não as tocou. Quando a arte toca a pessoa, a sensibilidade
dessa pessoa muda, ela começa a ver o mundo de uma maneira diferente. Há
pessoas que são “artistas”, mas a arte ainda não as tocou. Como exemplo, eu
posso citar Antônio Francisco. Se você conversar com ele, você vai perceber que
ele transmite uma paz, uma coisa boa, acredito que nele a arte chegou e não
saiu mais.
Blog
MH –Graduado e pós-graduado, como surgiu o interesse em cursar outra pós-graduação?
No caso, a musicoterapia.
Fábio
Roberto – Como eu falei antes, acho que as coisas acontecem como
tem que ser, é incrível. Eu tinha acabado de acordar e me veio algo na minha
cabeça que eu precisava usar a música, que eu tanto gosto, para ajudar as
pessoas. Assim, eu me lembrei da Casa de Apoio a Criança com Câncer. Eu já tinha
feito um projeto com Gianinni (cantor do Forró Danado) lá, anteriormente, onde
fomos tocar em um São João. Então fui lá e conversei com a assistente social
para que eu pudesse desenvolver algum projeto lá. Até então eu não conhecia
nada de musicoterapia, eu só queria de alguma forma tornar mais felizes as
crianças que estavam com câncer. Falei com Dr. Cury e nós criamos uma orquestra
lá na casa de apoio, Alegria de Viver, eu assumi a coordenação e assim se
estabeleceu aulas de flauta, de violão, teatro, de arte em geral. Eu fui cada vez
mais me interessando e um dia pesquisando na internet, vi que existia o nome “musicoterapia”,
até então eu não sabia. Pesquisei e vi que muita coisa da musicoterapia eu já
fazia intuitivamente, mas eu não tinha o referencial teórico. Me interessei pela
musicoterapia e comecei a pesquisar sobre o curso, vi que o mercado era amplo,
aqui na região (o mercado nessa área é escasso de profissionais) e me interessei
com essa nova possibilidade. Entrei em contato com o pessoal da Faculdade de
Ciências Humanas de Olinda (FACHO) e o pessoal me falou que uma nova turma estava iniciando, então eu e Huda (professora do Conservatório) nos interessamos e
nos inscrevemos no curso. Foram dois anos de curso. Pernambuco é um estado onde
a cultura é muito valorizada, diversificada e difundida, então foi muito
proveitoso para mim e recompensou todas as noites de sono durante as viagens de
ida e volta (Mossoró – Olinda). Hoje eu fico muito feliz quando vejo
depoimentos de várias pessoas da Casa de Apoio, que relatam que a
musicoterapia os ajuda muito. Depois que conheci a musicoterapia, pude ver a
música com outros olhos. Ela não foi feita só para simplesmente ser escutada, é
algo muito mais abrangente. É gratificante trabalhar com musicoterapia.
Blog
MH – Como você definiria a musicoterapia?
Fábio
Roberto - É uma ciência que pode tratar as pessoas com os mais
variados tipos de patologia. Ajuda na prevenção de doenças, que é muito
importante, entre muitos outros benefícios. Espero divulgar e difundir a
musicoterapia aqui na nossa região. Futuramente, quem sabe possamos abrir uma
especialização na UERN, ou algo nesse sentido, para que mais pessoas possam
cursar e, assim, ajudar mais indivíduos que
precisam.
Blog
MH –Vemos muitas críticas sobre a música popular brasileira atual, tocada em rádio
e TV, apoiada e escutada por uma grande massa. Como você vê a música brasileira,
atualmente?
Fábio
Roberto – Vejo na música brasileira uma mistura muito grande de
vários ritmos, sotaques, com influências de outros países latino-americanos, de
países europeus, africanos e entre nós mesmos. A mídia transmite o que é do
interesse dela, no caso ela transmite uma música vendável, de entretenimento,
com letras e arranjos não muito aprofundados, são músicas fáceis de vender.
Claro que ainda há rádios onde é tocada uma música de maior qualidade, músicas
alternativas. Como fala um amigo meu, não vou te dizer que Aviões do Forró é
ruim, pois no São João de Mossoró, a Estação das Artes fica lotada. Na música
tudo é questão de ponto de vista, eu respeito. Mas penso fortemente que
deveriam ser oferecidas mais oportunidades e espaços para que pudessem ser
divulgados outros gêneros menos conhecidos e de muito boa qualidade, como o
chorinho. Não concordo muito nessa divulgação em massa de uma música com baixa qualidade
e com letras banais que podem influenciar toda a sociedade. A música influencia
o ser humano. Se fossem mais valorizadas músicas com letras mais bem
trabalhadas, que pudessem influenciar beneficamente a sociedade,
seria bem melhor para todos nós. Você pode perceber que hoje as pessoas não querem
mais um esforço para pensar algo mais complexo, as pessoas perderam a
capacidade de pensar musicalmente. Isso é complicado e deve ser repensado.
Blog
MH – O que é ser musicalmente humano?
Fábio
Roberto – É compreender que a música transforma pessoas e fazer o
bem a todas as pessoas.
Blog
MH – Um gênero musical?
Fábio
Roberto – Só um fica difícil, direi três: música clássica,
chorinho e música nordestina (em geral).
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MH – Uma música?
Fábio
Roberto – Já que disse três gêneros, vou dizer três músicas:Jesus alegria dos homens (Johann Sebastian Bach), Carinhoso
(Pixinguinha) e Que nem jiló (Luiz Gonzaga).
É difícil explicar o
sentimento nostálgico. Quando menos se espera vem aquela lembrança do colégio, da
briga com a namoradinha ou de um dia qualquer em que você foi para praia com a
família. O mais interessante é que muitas vezes nós temos nostalgia de coisas
que para muita gente, se nós contássemos tal fato, iria parecer banal. Afinal, quem
liga se você passou muitas vezes por aquele caminho para tirar xerox, ou se era
naquele local que você sempre esperava o ônibus, quando cursava a faculdade? A
individualidade prevalece, pois só você vai entender e sentir de novo, como se
fosse uma amostra, tudo aquilo que você sentiu.
A nossa individualidade, moldada
pela nossa personalidade, valoriza fatos que mereciam ser esquecidos ou que na
hora em que ocorreram nem pareciam importantes, mas que depois se fizeram
lembrar. Outro fato interessante é que não há pausas na vida, ela não para.
Isso é maravilhoso. É por essa razão que quando nós menos esperamos acontece
outro fato que vai ficar marcado pelo resto de nossas vidas.
É valido fazer uma analogia
da vida com o tempo na música. Ele nunca cessa, há períodos de pausa, silêncio,
mas essa ausência de som também faz parte da música, é considerada música e
está dentro do tempo dessa música. Essas nostalgias poderiam ser representadas
como um contratempo musical. Em música, o contratempo é o deslocamento do
acento do tempo forte para o tempo fraco. O nosso apego a muitos momentos
vividos anteriormente em nossa vida, nada mais é que a valorização desses
momentos em um tempo deslocado, ou seja, como o contratempo, é o deslocamento
da felicidade do momento já vivido para um momento indefinido.
Talvez daí, surge a
explicação para que nós possamos entender o porquê de sermos tão apegados a
alguns fatos passados, mesmo que insignificantes e mesmo que saibamos conscientemente
que tais momentos nunca voltarão. Talvez a música da vida precise de um
contratempo, algo para ornamentar e torná-la mais bela ainda. Afinal, a vida em
sua plenitude é magnífica, ela não poderia permitir que voltássemos fisicamente
ao passado, pois assim abandonaríamos o futuro e junto com ele, as
possibilidades de se viver novos momentos para serem lembrados em um futuro
mais distante. Esse é o ciclo, essa é a vida.
Até hoje o maior mistério
da vida é a própria vida. Não sabemos de onde viemos, o que isto significa, e
para onde vamos, ou se é que vamos. Nem todos acreditam em vida após a morte e
em razão desse mistério da vida, as religiões e Deuses se multiplicam a cada
dia, numa tentativa de encontrar uma explicação para isso que vivemos e até quem sabe encontrar uma felicidade plena.
Apesar de tudo isso, outra
máxima é que a vida é boa demais para ser vivida, ninguém quer morrer, até mesmo
aquelas pessoas que acreditam existir outros planos da vida (como eu), não pensam
em deixar a terra tão cedo, muito pelo contrário, ainda há muito para ser
vivido aqui. A vida tem um potencial gigantesco de sempre nos surpreender com
algo novo, nos mostrando ser infinita dentro de todas as possibilidades. Nesse
pensamento, surge a proposta de viver musicalmente. Este blog traz no seu nome
um novo paradigma de vida, o de uma vida musicalmente humana.
Fazendo rapidamente uma
análise morfológica dessa proposta, observamos que a palavra “musicalmente” é
um advérbio onde, nesse caso, deixa explícito um modo. Seria, então, um modo
musical de viver como ser humano. Viver musicalmente é viver com inspirações na
música. Esta é outro grande mistério da vida. Desde a antiguidade,
filósofos, matemáticos, sociólogos e músicos tentam definir ou entender a
música, mas o fato é que até hoje uma definição plena não foi estabelecida.
Enquanto os intelectuais da
ciência tentam entender a música, por outro lado, poetas, cantadores, instrumentistas e o
homem em geral, sentem-na. Entender a música é um feito que está longe de ser
alcançado. Primeiramente, essa dificuldade ocorre, pois dentro de uma ciência
cartesiana e totalmente racional, a arte e o sentimento não se tornam
compreensíveis, pois não são tangíveis quando observados externamente ao ser
humano. Qual seria o sentido da música sem o ser humano? É difícil imaginar a
música sem o ser humano e o ser humano sem a música.
A música nos arrepia e nos
emociona, tem um poder inigualável de cativar e dominar as pessoas. Assim, diria que a música pode ser
percebida como uma pequena amostra da organização cósmica universal, na qual
nós fazemos parte. Nesse sentido, a música é parte do homem e se faz tangível
pelo sentimento humano, pela alma humana. A música nos toca quando sua harmonia
entra em harmonia com a nossa alma.
Ser musicalmente humano, é
viver intensamente, literalmente, artisticamente, como a música. É se sentir fator integrante
desse todo no qual fazemos parte e entender que cada um de nós pode ser tocado
e tocar o outro para construir, enfim, uma vida mais poética.
"Meu bem, mas quando a vida nos violentar pediremos ao bom Deus que nos ajude. Falaremos para a vida: vida, pisa devagar. Meu coração, cuidado, é frágil. Meu coração é como vidro, como um beijo de novela"
Sem palavras para descrever o encontro desses gênios, que nesta oportunidade homenageiam o inegualável dominguinhos. Hamilton de Holanda, Yamandu Costa e Mayra Andrade, transbordam musicalidade cantando Lamento Sertanejo, deixando explícito que a música não se explica, não se mede, se faz e se sente.
Ser capaz de sonhar a gente é
Pra tentar conseguir o que não tem
Nada impede que todos tenham fé
nem proíbe que a gente faça o bem
O futuro esta sempre pra nascer
O melhor ainda falta alguém fazer
E ninguém tem direito de querer
Afanar o direito de ninguém.
Não inveje o Sutão pelo harém
Nem ataque com ódio o vagabundo
O que vale é a gente viver em
Harmonia total cada segundo
Se alimente do pão do seu suor
Se atrelando aos que estejam ao ser redor
E só espere dos outros o melhor
Quando der o melhor de si ao mundo
Não se sinta melhor que o moribundo
Nem mais rico do que quem não tem nada
Deixe a raiva que deixa o mundo imundo
Pra milhões de quilômetros ser levada
Seque a fonte que nutre o preconceito
Pra regar a semente do direito
O bacilo do mal só faz efeito
Se a vacina do bem não for usada
Não desista durante a escalada
Nem se apegue ao local do endereço
Mesmo tendo a coragem derrotada
Tenha força para outro recomeço
Não permita que seu ressentimento
Negue a luz da virtude e do talento
Nem coloque tabela em sentimento
Que amizade sincera não tem preço
Não esconda o que tem no seu avesso
Que caráter com mácula não combina
Não fraqueje por causa de um tropeço
Que ate mesmo aprendendo a vida ensina
Não despreze as ações caritativas
Plante um marco nas frentes produtivas
Não cultive energias negativas
Que o pomar da vingança não germina
O amor é a fonte que origina
O amor contra o ódio que flagela
A mensagem da fé é tão divina
Que o pecado intervem, mas não cancela
Deus escreve certo em linhas tortas
Importante é o ser, ter não importa
Não se aflija se alguém fechar-lhe a porta
Que depois abrirá uma janela
Não sonegue edredom a quem congela
Na calçada por falta de um favor
Da razão seja sempre um sentinela
E um soldado em defesa do amor
Grave o nome da honra por extenso
Aja sempre com base no bom senso
Que uma gota de pranto irriga um lenço
E uma sombra de riso encobre a dor
Agradeça por ver o sol se por
Louve a vida em cada amanhecer
Que você é a obra do autor
Que fez tudo e não quis aparecer
Canalize essa carga de energia
Em saúde, esperança e alegria
Que as pessoas de luz tem todo dia
Um milhão de motivos pra viver.
Sou suspeito quando falo sobre a
madrugada, pois para mim é a hora santa do dia. Com o passar do tempo fui me apaixonando por esse horário onde o silêncio
e a paz é dominante, o que permite, então, um ambiente mais que propício para a leitura,
a reflexão e a música. Acredito que a madrugada atua como um contra ponto de um
dia a dia corrido e mecanizado e assim encontramos nela uma possibilidade de nos
sentir mais humanos.
Outro fato digno de admiração é o
som que possui madrugada. Longe de toda poluição sonora dos horários de pico,
ela nos revela um som natural, um silêncio necessário que muitas vezes age
terapeuticamente sobre nós. É na madrugada que conseguimos diferenciar os
ruídos toleráveis daqueles ruídos que, apesar de intoleráveis, nos acostumamos
a conviver com eles. Assim, podemos
perceber o poder da madrugada como agente purificador, que age fortemente como processo de higienização sonora.
Esse processo pode ser definido como uma limpeza necessária de todos os resíduos
sonoros indesejados que de muitas maneiras, e na maioria das vezes inconscientemente,
captamos e durante o dia todo não conseguimos nos libertar deles. De alguma
forma eles impregnam no nosso corpo e com isso inicia-se uma acumulação desses
resíduos, o que pode ser fator gerador de doenças como o estresse entre outros
desequilíbrios emocionais.
Defender a madrugada não é
defender uma noite sem sono, muito pelo contrário. O grande potencial
revigorador da madrugada é um grande influenciador do nosso sono, não por acaso
costumamos dormir a noite. A tranquilidade e a paz proporcionada pela madrugada
são um prato cheio para que possamos nos recuperar física e mentalmente. Aliás,
quando falo em higienização sonora, penso nesse processo como complementar à
higienização do sono que quando bem feita nos proporciona uma vida bem mais
saudável.
Resta-nos que nos purifiquemos sonoramente. Escrever, ouvir música, ler ou
dormir, seja o que você escolher fazer nesse intervalo, o interessante é que ao benéfico som da madrugada possamos aproveitar de todos os
benefícios gerados por ele.
Na cadência do samba, o jovem e talentoso grupo Casuarina canta Súplica Cearense. Um clássico da música brasileira e um hino de um povo heroico nordestino.
O meu corpo passou por mil mudanças
Do passado só resta a cicatriz
No cortejo das dores hoje um fiz
O velório das últimas esperanças
Estou preso à corrente de lembranças
Sem a chave que abre o cadeado
O meu crédito de sonhos foi cortado
Sem dever nada ao tempo eu vou pagando
No metrô do presente eu vou puxando
Um vagão de saudade do passado
Oh, pedaço de mim. Oh, metade arrancada de mim, leva o vulto teu que a saudade é o revés de um parto. A saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu.
Vivemos em um
mundo confuso atualmente. Parafraseando o poeta Antônio Francisco: uma verdadeira
gaiola de loucos, esse é o nosso planeta Terra. O que vivenciamos nos dias atuais é uma guerra
de ideologias onde o centro de todos os problemas somos nós seres humanos. Se
pararmos para analisar os fatos, aos poucos o ser humano está perdendo a
capacidade de amar, respeitar e sentir o próximo. Estamos vivendo a era da
razão, onde nossas emoções não têm mais espaço para emergir e devem ser
trabalhadas e racionalizadas para que assim tenham vez e voz.
Nossas
universidades apostam nessa racionalização ao ponto de esquecer que somos seres
que se emociona. A ciência, em sua busca incessante pela certeza que nunca
chega, menospreza essa emoção, a transformando em um simples objeto de estudo científico,
onde os sentimentos devem ser compreendidos dentro de metodologias pré estabelecidas.
Fato é que surgem como contra ponto desse pensamento, expressões como: a poesia,
a música, a dança e a literatura.
É através dessas
expressões que o homem vem conseguindo vencer essa barreira racional,
expressando todo o amor e sentimento humano. A arte surge como uma extensão do ser humano
por onde ele se expõe e se enxerga, começando a se entender como um ser
complexo que ama e que odeia, que chora e que sorri. A arte vem nos lembrar que
somos seres complexos, sendo assim não só raciocinamos, como também sentimos.
É nesse
paradigma que se deve repensar a ciência atual, já que esta tem desprezado esse
outro aspecto do ser humano. Talvez por ele transcender os padrões de lógicas e
metodologias atuais, se criando assim a separação entre a arte e a ciência. Tal
separação só tem acelerado a racionalização em excesso, que por sua vez vem
causando uma desordem no mundo atual, já que uma de suas consequências é a
inibição do sentimento humano. Será que conseguimos viver em harmonia desprovidos
de nossos sentimentos?
Para sermos mais
humanos precisamos de uma ciência mais humana que nos entenda como seres
sentimentais e não só como máquinas racionais.
- Olá, como vai?
- Eu vou indo e você, tudo bem?
- Tudo bem, eu vou indo correndo pegar meu lugar no futuro, e você ?
- Tudo bem, eu vou indo em busca de um sono tranquilo, quem sabe...
Quanto tempo...
- Pois é...
Quanto tempo...
- Me perdoe a pressa, é a alma dos nossos negócios.
- Oh! Não tem de quê, eu também só ando a cem.
- Quando é que você telefona ?
Precisamos nos ver por aí.
- Pra semana, prometo talvez nos vejamos, quem sabe ?
- Quanto tempo...
- Pois é... Tanta coisa que eu tinha a dizer, mas eu sumi na poeira das ruas...
- Eu também tenho algo a dizer, mas me foge a lembrança...
- Por favor, telefone, eu preciso beber alguma coisa, rapidamente.
- Pra semana... O sinal ...
- Eu espero você... vai abrir...
- Por favor, não esqueça,
Adeus...
Hoje eu acordei com a sina de falar uma verdade chinesa para que meu coração, cheio de um amor puro, soltasse um grito de alerta cheio de alegria. Alegria porque é preciso saber viver nesse mundo louco, mesmo sentindo um tremendo
sufoco que nos faz ficar cada vez
mais órfão de paz e amor.
Trocando em miúdos é bom lembrar que as nossas crianças andam com a
nossa linda juventude perdida
perambulando pelas esquinas, magrelinha sem rumo e sem sorte como
quem diz deixa a vida me levar porque
a vida para essas almas sem soneto de
felicidade tem um tom triste de um cotidiano
opaco, faltando um pedaço.
O que será que será que pensam os governantes diante desse quadro
de um filme triste e com cenas de alucinação? Deixando a massa levando uma vida de gado, tendo a sua frente um sinal fechado, onde a sua alternativa após
serem enganados será ficar a primeira
vista novamente dando milho aos
pombos, ao ponto de sentir que pelos bailes
da vida chegaram a sentir que explode
coração para podermos andar com fé,
ao ponto de ficar sangrando como quem
não sabe como vai ser sua triste partida.
Assim vou caminhando e cantando como quem carrega nos ombros uma carga de lenha, pois as minhas mãos ainda vibram
como uma força estranha para eu ir tocando em frente, na rua na chuva ou na fazenda. Tentando botar o meu bloco na rua para termos um mundo mais justo e
igualitário a todos e que mesmo em forma de sonhos a paz venha em um dia
branco e que meu sorriso por entre as flores no jardim da fantasia possa gritar que o amor ainda é a única formula
de mudar o mundo mesmo sabendo que as
rosas não falam.
A Videoteca Melodias da Alma, traz o singular Djavan fazendo homenagem ao inigualável Dominguinhos. Melodia que age como uma "mera luz que invade uma tarde cinzenta".
Mote: Eu já tive nas mãos o meu destino,
mas agora eu não sei pra onde vou.
Eu já fui igualmente um samurai,
Porém vi se quebrar minha coluna
Que a volta no jogo da fortuna,
Pois a gente não sabe aonde cai.
Eu fui filho, fui noivo, hoje sou pai,
Já fui neto, e já hoje sou avô,
E o relógio do tempo não quebrou,
Porém deu um defeito no seu pino.
Eu já tive nas mãos o meu destino,
Mas agora eu não sei pra onde vou.
É difícil descrever o que seria a
música. Ela alegra, entristece, angustia, acalma e entre várias outras coisas ela
também cura. Esse potencial da música sobre os sentimentos e saúde humana, já era de conhecimento do povo na
prática, desde os tempos antigos. Relatos apontam que desde a antiguidade a música era utilizada com
fins terapêuticos e vários documentos antigos compravam isso, inclusive a
bíblia. Mas foi somente no século XX que um corpo teórico e científico comprovando o poder da música sobre o ser humano, foi criado. A essa nova ciência que
visa a utilização do som, da música e seus elementos com o objetivo de melhorar
a qualidade de vida de um indivíduo ou grupo, em todas as suas dimensões, biológica,
psicológica e social, dar-se o nome de musicoterapia.
Como seu nome já diz, a
musicoterapia mostra-se como uma ciência transdisciplinar por natureza, já que une
duas áreas que antes pareciam desligadas uma a outra, são elas: música e
terapia. Dessa união surge uma forte ferramenta a ser utilizada com efeitos
profiláticos e também como auxiliar no tratamento de muitas doenças, sejam elas
físicas ou psicológicas. Assim, desde sua descoberta, a musicoterapia vem
crescendo e se revelando importante no cenário da saúde mundial. Novas
pesquisas surgem sempre demonstrando o forte potencial da música sobre a nossa
saúde e nossa reabilitação.
Outro campo bastante rico em informações dentro da musicoterapia é o interessante estudo da relação homem/música. Tal relação
se revela bem mais desconhecida do que pensávamos. A musicoterapia mostra que
a interação do homem com os sons e ruídos do meio em que vive, como também o
histórico musical vivido por um indivíduo desde a barrida da mãe, são fatores
determinantes na personalidade daquele sujeito, como também no seu posicionamento cultural.
Por ser uma ciência nova, ainda há
muita coisa ainda a ser explorada dentro da musicoterapia e esse mundo a ser
descoberto estimula os estudiosos desse campo. O desenvolvimento dessa ciência
tem mostrado que a musicoterapia é muito mais ampla do que se pensava antes.
Hoje, novas pesquisas demonstram eficácias do uso da música nas mais variadas áreas,
como educacionais e organizacionais. Com
isso, é válido salientar que a musicoterapia ainda tem muito a nos oferecer nas mais variadas áreas de conhecimento.
Apesar disso, não se deve pensar
que pelo simples fato de escutar música, tocar um instrumento ou frequentar uma
escola de música, você estará ao mesmo tempo realizando uma terapia. Há
diferenças entre o fazer musical, o estudo musical e a musicoterapia. Esta tem
suas técnicas e metodologias próprias que precisam ser realizadas por um
profissional qualificado para que sejam eficazes. Atualmente, existe cursos
de graduação e pós graduação em musicoterapia no Brasil e no mundo e a valorização dessa ciência cresce a cada dia junto com os seus benefícios que se mostram totalmente eficazes.
A música é um remédio aplicado diretamente na alma. Está doente? Procure um musicoterapeuta.
Estrelando a Videoteca Melodias da Alma trazemos desta vez o artista Oswaldo Montenegro. Num belo clip ele consegue expressar um forte sentimento de amor: a amizade. Concordando com o cantor, não podemos negar que "velhos amigos sempre vão se encontrar, seja onde for, seja em qualquer lugar".
João de Barro bem alto faz seu ninho
Preparando de argila uma argamassa
Com as asas e os pés o barro amassa
E a colher de pedreiro é seu biquinho.
Quem teria ensinado ao passarinho
Construção de tão sólida firmeza
Que lhe serve de abrigo e de defesa
Contra o sol, contra a chuva e contra tudo?
Pequenino arquiteto sem estudo
Quanto é grande e formosa a natureza.
Quantas canções, verdadeiras obras primas, já caíram no gosto popular e nos levou a perguntar o porquê daquela música ser tão querida e amada além de despertar um sentimento gostoso no nosso interior. A verdade é que geralmente não se sabe o momento ou motivação vivida por aquele compositor que, visando o sucesso ou não, expressou seu pensamento e compartilhou seu sentimento com todos nós.
São muitos os que tentam andar pelo mesmo caminho, mas que no fim não obtêm sucesso, até porque o sucesso na música não é para todos. O processo de composição é complicado desde o começo. A criação da melodia e sua adaptação com a letra já exige certo conhecimento musical e poético, isso já é uma peneira onde muitos não passarão, ficando para trás, afinal ser músico não é fácil e ser poeta é tão difícil quanto. Por sua vez a letra é o canal de comunicação maior do autor com os ouvintes, é o elo que se não for bem feito, não marca.
O processo de composição de uma música até o sucesso desta é mais complexo do que muitos imaginam. Nesse caminho, os conceitos de networking, capital social, cultural e relacional irão se unir com a sorte para que no final a música comece a tocar nas paradas de sucesso. Apesar de tudo, o mais interessante não é entender como tudo isso funciona, e sim entender como todos os grandes compositores da música popular brasileira e muitos da música mundial conseguiram um sucesso absoluto, sem nunca terem estudado e em muitos casos sendo analfabetos.
No processo de composição da música e no estabelecimento do seu sucesso, o mais difícil é fazer com que aquela música agrade aos que escutam ao ponto dela se eternizar no mundo musical. Acredito que tal efeito não se dá graças à letra ou à melodia. Essa questão, só prova a complexidade da música, onde o todo de uma composição é maior que a soma de suas partes. É esse todo que vai definir o sucesso da obra e eternizar-la juntamente com o compositor.
Por toda essa dificuldade, atualmente os novos compositores procuram um caminho mais fácil. A forte indústria cultural musical é um dos caminhos facilitadores utilizados pelos compositores que buscam o sucesso sem pensar muito nessa questão de letras poéticas e melodias originais. É muito mais fácil se aproveitar de melodias padrões e letras repetitivas. Até porque compor não é para todos.
A música Brasileira ficou mais
pobre e triste porque desencarnou o grande Jair Rodrigues de Oliveira, um
verdadeiro cantor da musica do Brasil. Ele que com sua alegria e irreverencia,
talento e maestria encantou o mundo em que viveu e fez viver eternos amantes da
boa poesia cantada.
Ele que junto com a pimentinha
Elis Regina comandou um programa de auditório intitulado o fino da bossa, sucesso
na TV Record nos anos 60/70 mostrou a todo o país a sua alquimia de transformar
o espetáculo musical com a alegria e pureza que a melodia musical permite.
Mais o seu maior ápice foi em
1966 quando venceu o festival da canção com a música disparada de Geraldo
Vandré e Théo de Barros. Foi a partir daquele momento que sua carreira decolou
e seu talento foi ao extremo da interpretação, o transformando em ícone marcante, sendo de uma identidade
própria inimitável.
Agora com sua partida, só nos
resta se deliciar com sua voz que ficou gravada em vários discos com inúmeros
sucessos. E temos o privilégio de ter feito parte da trajetória da carreira
desse magnifico homem e cantor.
Vai, Jair Rodrigues! Vai em Disparada gritando upa neguinho com sua voz majestosa de um sabiá. Vai, velho Jair de guerra, da boa musica brasileira se
encontrar com Noel Rosa, Luiz Gonzaga, Cartola, Nelson cavaquinho, Adoniran
Barbosa, Emilio Santiago, Pixinguinha e tantos outros... E se aqui na terra
ficarmos sentindo a sua falta, lá no plano
celeste você comece a cantar e a sorrir, afinal...
“Deixem que digam que pensem, que
falem, deixa isso pra lá...”.
O blog musicalmente humano faz uma homenagem ao grande música Nico Nicolaiewky que, como diz o mestre Rolando Boldrin, viajou antes do combinado. Neste vídeo, é possível notar a sutileza e o amor desde grande músico junto a arte. Unindo o clássico ao popular, o rústico ao simples, criando uma obra repleta de sentimentos e significados.
Diz o ditado que o cachorro é o
melhor amigo do homem, mas para não fazer injustiça com nenhum animal, diria
que o melhor amigo do homem é o violão. Nada melhor em uma noite de chuva que
eu e o meu violão. Olhando as gotas caírem e tocando uma melodia que vem da
alma, é como se tomasse uma calmante ou se vivesse um momento celeste, longe de
tudo e de todos. Só eu e o violão.
Que a música é terapia, isto a
ciência já comprovou. Sempre provo desse remédio e não tem outra, esqueço
estresse, raiva e até o que não devo esquecer. Fato é que tal remédio já levou
muitas pessoas “doentes” a se tornarem gênios. Quem nunca escutou as músicas
tidas como populares e apelidadas de dor de cotovelo? São muitos os gênios que
compuseram obras primas musicais, pois usaram a música para expressar um
sentimento, pois não encontrou outro canal pelo qual pudesse dizer o indizível.
Assim aconteceu com Cartola, Noel
Rosa, Ataufo, entre outros. Esses são artistas memoráveis e que nunca saíram da
memória musical brasileira, pois apesar de muitas críticas, por serem cantores
da massa, eles foram cantores originais, construíram a história da música
brasileira e merecem, sim, serem tratados como jóias raras da música. Atualmente,
a originalidade da música como um canal de expressão e sentimento foi
banalizado e são muitos os espertos que se aproveitam disso, usando a música
para lucrar quando falam de amor, paixão e sentimento apenas da boca pra fora.
Esse processo de criação musical
pode ser considerado uma mecanização da música. Como qualquer outro tipo de processo
mecânico (robótico), esse é caracterizado pela repetição, imitação e impossibilidade
criativa e inovadora. É válido citar que criar por criar, falar por falar e
amar por amar, é somente ação. Não há sentimento, não há comunicação. Fatos
como esses nos leva a questionar até que ponto isso ainda é arte. Assim,
prefiro ficar com meu violão tocando a saudade de Amélia e observando a chuva, ao
menos no fim das contas os dois sons são sinceros e naturais.
Um das batalhas mais difíceis de
serem travadas atualmente é a batalha contra a violência. Todos os dias os jornais
locais e nacionais, os noticiários do rádio e da televisão começam o dia
atualizando os números da violência que só cresce. Dentro desse contexto de
insatisfação com tal situação, será que temos alguma contribuição para esse
mundo tão violento e indesejável por todos nós?
Na música, para que haja um
significado sublime e agradável aos nossos ouvidos é necessário harmonia. A
harmonia nada mais é que o conjunto de diferentes notas que tocadas simultaneamente
geram um som sensível e estético. Esse conjunto de notas tocadas
simultaneamente e harmonicamente recebe o nome de acorde. O conceito de
harmonia surge ainda na Grécia antiga, com os grandes filósofos, tendo como um
dos grandes pensadores o matemático Pitágoras. Nesta época, a harmonia surgia
com um sentido de organização e unificação (ordem + caos).
A evolução deste conceito
perpassa os séculos, onde são agregados novos significados ao termo harmonia até
chegarmos à atualidade, onde essa se caracteriza fortemente dentro do sistema
tonal. No sistema tonal, para que exista harmonia é necessário que se considere
uma tonalidade central, esta servirá de base para a formação do campo
harmônico, que por sua vez é o conjunto de acordes gerados por tal tonalidade. Desta
forma podemos perceber que há uma sucessão de ordens e encadeamentos gerando
uma cadeia ou um ciclo com sentido musical.
Para que exista ordem na
harmonia, é preciso que leis sejam obedecidas e que cada nota e acorde atuem
com funções diferentes dentro de um sistema. Olhando do outro lado do véu,
podemos nos enxergar como tais notas e acordes. Temos funções diferentes e
atuamos dentro de um sistema maior. Mas para que nossa harmonia tenha sentido e
congruência, necessita que tenhamos objetivos iguais e nos completemos.
Precisamos ser mais sensíveis, entender o outro e ajudá-lo, visando uma
unificação humana. Precisamos exercer nossa cidadania, cumprindo e aprimorando
nossas leis, atuando como cidadãos dignos, para que, assim, a ordem seja
estabelecida. Precisamos aprender a amar o próximo para que o mundo torne-se
mais agradável e aceitável.
Na música, podemos encontrar
acordes consonantes e dissonantes. Os primeiros se caracterizam por terem uma estética
simples e agradável ao ouvido, já os segundos possuem estética mais complicada
e são considerados como instáveis, gerando uma tensão que deve ser resolvida
por um acorde consonante. Fazendo uma analogia com o mundo atual, devemos
aprender a viver com a instabilidade, mas devemos nos ordenar para resolvê-las.
Mas isso depende de cada um de nós, pois cada um exerce uma determinada função importante
na construção do todo. Com isso fica o conselho para uma harmonização individual
para que assim possamos ajudar na harmonização do mundo, para um mundo melhor.
Para abrir a Videoteca Melodias da Alma, este blog traz para vocês uma das parcerias mais produtivas e mais representativas da boa música brasileira: Gilberto Gil e Dominguinhos.
É na infância onde todos nós
temos o primeiro contato com o mundo, é também nessa fase que começamos a ser
moldados por nossa família, pela sociedade, pelos usos e costumes do local onde
vivemos, entre outros fatores. É nesse período que começamos o processo de nos
tornar um ser cultural. Tendo em mente esse pensamento, começa a se pensar a valorização
do processo de endoculturação desde a infância.
Este processo vem sendo abordado
e incentivado por vários teóricos e pensadores da área musical e cultural, e
tem como propósito um movimento de incentivo por uma inserção de uma cultura
artística de valor no meio social, buscando potencializar uma cultura mais
sensitiva e significativa, e uma “desbanalização” da arte. Analisando por uma
ótica cognitivista não há momento mais oportuno para realizar esse processo,
que na infância dos sujeitos. Nessa fase somos como papeis em branco na espera
por uma caneta que nos dê significados e conteúdos.
A teoria dos sistemas aponta o
ser humano como um sistema aberto, nos indicando como seres complexos e que
interagimos constantemente conosco e com o mundo externo. Com isso surge uma
forte corrente de pensamento que nos leva a pensar que somos produtos do meio. Nossa
educação não se limita a uma educação regular que ocorre em um local específico
para nos ensinar entre quatro paredes. A nossa formação educacional transpassa
a escola, passando pelos nossos amigos, pelos meios de comunicação, pela cultura
em que fomos criados, pela nossa família, entre outros infinitos elementos.
Nesse contexto de interação
sujeito/mundo, têm grande importância todos os fatores que formam a identidade
da criança. O que ocorre na atualidade é um ciclo vicioso onde as crianças não
vivem um processo de endoculturação no seio familiar e escolar, durante a sua
infância, e termina por não repassá-lo num futuro próximo para seus filhos. Com
isso outros problemas começam a surgir, como a alienação cultural e a
diminuição do pensamento crítico por parte das pessoas, o que afeta não só a cultura,
como também a política e o social.
É válido pensar em uma política
cultural democrática e educacional, a qual todos tenham acesso. Todos nós somos
sistemas abertos que interagimos com o meio em que vivemos, e se nos tornarmos
mais sensibilizados com o outro, nosso meio também se tornará. Nessa eterna
interação, se passa e se recebe incessantemente conhecimento, então que
selecionemos e repassemos uma cultura de valor para nossas crianças e que com
essa cultura elas aprendam a amar mais, que aprendam ser mais humanas. Afinal,
sistemas fechados só existem na teoria.