quinta-feira, 29 de maio de 2014

O nosso lugar no mundo



Podemos perceber em uma orquestra uma organização sensacional. O número certo de músicos para cada instrumento, cada músico com o seu devido instrumento e entrando na hora que deve entrar. Ninguém ultrapassa o outro, ninguém quer demonstrar que toca mais que outro e todos observam o maestro que, como um líder organizacional, rege aquele grupo de músicos com um único objetivo, o de tocar aquelas peças musicais. A organização é fundamental para a nossa sociedade, e podemos aprendê-la também com a música.

O que percebemos no mundo atual é um grande número de pessoas agindo fora do seu lugar. Elas não deveriam estar ali, estão atrapalhando a nossa orquestra. Hoje o lugar e função são escolhidos pelo que convém, pelo prêmio final, pela recompensa. Quantas pessoas driblam seu próprio perfil tentando buscar algo melhor para a sua vida, um lugar de prestígio. Essas pessoas só enganam a si mesmas, atrapalham a organização natural das coisas.

Os discursos capitalísticos e estimuladores por uma vida com boas condições financeiras, incentivam todos os dias um pensamento de desapego dos sentimentos pessoais e abandono de ideais, por uma razão que afirmam ser recompensada com a futura realização financeira. Contraditoriamente, pregam esse discurso juntamente com outro que fala sobre auto-realização. Seria mesmo possível uma separação dos sentimentos e ideais pessoais da auto-realização?

O status social é o alvo de muitos, mesmo que seja necessário o sacrifício e o trauma na consciência pessoal. O válido é se adequar ao status, afinal, talvez ele nunca se adéque a você. Mas, em meio a todo esse simbolismo da nossa sociedade, construído por nós mesmo (sociedade) é difícil fugir de tal pressão e “pensar fora da caixa”, jargão já manjado e utilizado demasiadamente, perdendo o próprio valor de suas palavras e já sendo usado dentro da lógica e paradigma mundial atual, onde o prestígio social vale mais que a realização pessoal.

Na canção do mundo as pessoas não se escutam mais, pior, escutam mais os outros. Ao invés do bom senso, as pessoas acreditam naquilo que lhe convém, no que trará benefícios pessoais. É a era do individualismo, o Bloco do Eu Sozinho. Valores, moral e ética são esquecidos em prol de um mundo melhor, mas para si.  

Acredito que se todos atuassem onde gostam e trabalhassem com o que amam, todos estariam onde deveriam estar, ninguém tomaria o lugar de ninguém e uma cooperação natural e solidária começaria a fluir naturalmente. Quando ocupamos o nosso lugar, o mundo torna-se uma grande orquestra. No nosso cotidiano e afazeres tocamos a música harmonicamente com todos os outros, regidos por um maestro que considero o melhor do mundo: nós mesmos.     

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