É difícil explicar o
sentimento nostálgico. Quando menos se espera vem aquela lembrança do colégio, da
briga com a namoradinha ou de um dia qualquer em que você foi para praia com a
família. O mais interessante é que muitas vezes nós temos nostalgia de coisas
que para muita gente, se nós contássemos tal fato, iria parecer banal. Afinal, quem
liga se você passou muitas vezes por aquele caminho para tirar xerox, ou se era
naquele local que você sempre esperava o ônibus, quando cursava a faculdade? A
individualidade prevalece, pois só você vai entender e sentir de novo, como se
fosse uma amostra, tudo aquilo que você sentiu.
A nossa individualidade, moldada
pela nossa personalidade, valoriza fatos que mereciam ser esquecidos ou que na
hora em que ocorreram nem pareciam importantes, mas que depois se fizeram
lembrar. Outro fato interessante é que não há pausas na vida, ela não para.
Isso é maravilhoso. É por essa razão que quando nós menos esperamos acontece
outro fato que vai ficar marcado pelo resto de nossas vidas.
É valido fazer uma analogia
da vida com o tempo na música. Ele nunca cessa, há períodos de pausa, silêncio,
mas essa ausência de som também faz parte da música, é considerada música e
está dentro do tempo dessa música. Essas nostalgias poderiam ser representadas
como um contratempo musical. Em música, o contratempo é o deslocamento do
acento do tempo forte para o tempo fraco. O nosso apego a muitos momentos
vividos anteriormente em nossa vida, nada mais é que a valorização desses
momentos em um tempo deslocado, ou seja, como o contratempo, é o deslocamento
da felicidade do momento já vivido para um momento indefinido.
Talvez daí, surge a
explicação para que nós possamos entender o porquê de sermos tão apegados a
alguns fatos passados, mesmo que insignificantes e mesmo que saibamos conscientemente
que tais momentos nunca voltarão. Talvez a música da vida precise de um
contratempo, algo para ornamentar e torná-la mais bela ainda. Afinal, a vida em
sua plenitude é magnífica, ela não poderia permitir que voltássemos fisicamente
ao passado, pois assim abandonaríamos o futuro e junto com ele, as
possibilidades de se viver novos momentos para serem lembrados em um futuro
mais distante. Esse é o ciclo, essa é a vida.
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