quinta-feira, 23 de julho de 2015

Gilberto Gil - Meio de campo

Mestre em aperfeiçoar o imperfeito, defensor da liberdade e proclamado inimigo da escravidão, Gilberto Gil prestou nesta canção, "Meio de Campo", justa homenagem ao ex-jogador Afonsinho. Desde de 2001, os jogadores profissionais de futebol não estão mais acorrentados aos seus clubes pela Lei do Passe e devem isso ao ex-meia do Botafogo e hoje médico, Afonso Celso Garcia Reis, o Afonsinho. Assim como Gil, Afonsinho tinha convicções libertárias e foi o primeiro jogador profissional a conseguir, na Justiça, o passe livre. É verdade que os jogadores não estão mais presos aos seus clubes, mas, em alguns casos, ainda são explorados por empresários gananciosos, mas o poeta alerta, era necessário desprezar a perfeição. 

Tudo começou no final dos anos sessenta, quando Afonsinho, dando um tempo do barbeiro, cultivou bela barba e cabelo, desprezando a perfeição estética adequada à conduta de bom moço e meio-campista, exigida pelo então treinador do Botafogo, Mário Jorge Lobo Zagallo. Que o Velho Lobo nunca foi Pelé nem nada não é novidade para ninguém, mas o fato é que o treinador proibiu a entrada de Afonsinho no clube, ou, pelo menos, de sua barba e vasta cabeleira. Acorrentado, ofendido em sua dignidade, Afonsinho conseguiu na Justiça o direito de manter a barba e continuar jogando futebol, obtendo o passe livre. Era o início do fim da escravidão no futebol. Hoje, com pouco cabelo, quase esquecido e ainda barbudo, Afonsinho pode se considerar um vitorioso em sua luta abolicionista, mas carrega a certeza de ter feito pelo futebol tanto quanto um Pelé ou um Tostão. Este foi, sem dúvida, o gol mais importante de sua carreira. E olha que fazer um gol nessa partida não é fácil, meu irmão. Assim, Gil com seu violão acompanhado por Mestrinho do Acordeon, seu filho Bem Gil no contra baixo e Domênico na bateria fazem um verdadeiro show de harmonia e brilhantismo. 



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