quarta-feira, 26 de agosto de 2015

O erro




Foi sem querer, afinal, penso – ou quero pensar – que todo erro não foi de propósito. Agora estou aqui, eu e esse papel em branco, ou quase em branco, numa conversa de prestação de contas. É que eu decido escrever quando a vontade é cega, quando quero chutar o balde, quando existem sentimentos e os indispensáveis momentos. Voltando à história do erro, Judas traiu Jesus. Traiu? Não sei, até hoje é o que falam por aí. E Pilatos? Pobre homem que devia andar com seu juízo nas mãos, quando se mostrou indiferente. Esses dois são exemplos de erros que entraram para a história, mas que não fizeram ninguém parar de errar. 

Talvez eu queira me sustentar na história para justificar meu equívoco, meu não-pensar. Talvez eu queira me distrair ou, até mesmo, fugir de mim. Outro dia eu me peguei pensando sobre quantas vezes eu já jurei para mim mesmo que tomaria o maior cuidado para nunca mais errar e… foram tantas as vezes, todas em vão. Continuei na minha sina de ser equivocado e que, na impossibilidade de mudar o passado, encontro-me num presente banhado a arrependimento.

Essa é a parte horrível. O arrependimento é a pior batalha. Nela você luta contra o tempo, e já entra sabendo que perdeu. Isso mesmo! Você, mesmo derrotado, tem que entrar ali só para apanhar. Depois da surra, só nos resta olhar adiante; num horizonte belo, enxergar a aurora linda da vida e tentar não mais errar mesmo sabendo que isso não irá acontecer. Mas, ao tentar, diminuem os frequentes erros, diminuem as mágoas e consequências.

Bem, no pós-erro, resta-nos torcer e trabalhar pelo reestabelecimento da harmonização dos seres e ambientes envolvidos, porque o erro quebra uma corrente normal. É ele o responsável pela anormalidade. A gravidade aumenta e você carrega o universo inteiro sobre os próprios ombros. Mas o peso nos fortalece e nos muda. Nem tudo é só bom; nem tudo é só ruim. O equilíbrio sempre tende a se estabelecer novamente, é uma força natural. Estou convencido de que se errar é humano, consertar o erro é super-humano, por isso vamos tentar sempre.

Parafraseando o sábio galileu, digo: atire a primeira pedra aquele que nunca errou! E, se atirar, cuidado, você pode errar!

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