terça-feira, 7 de abril de 2015

A globalização parcial e os esteriótipos culturais




No Japão todos usam kimono, são super inteligentes e trabalhadores. Na Alemanha todos são politizados e rudes. Nos Estados Unidos existem somente capitalistas, consumistas, anti-cubanos e imperialistas. Esses são apenas alguns esteriótipos culturais que perduram no tempo, presos nas mais variadas barreiras que encontramos quando pensamos em conhecer a cultura do outro.  

Eu sempre fui muito curioso por saber o que pensa um japonês sobre a questão do aborto. Ou o que pensa um iraniano sobre o feminismo. O mais interessante disso tudo é que - não vou negar - eu me cobria de preconceitos quando imaginava tais questões. Só depois, fui descobrir que esteriótipos culturais não são meros exageros ou um belo conceito para ser usado numa roda de amigos para defender um ponto de vista etnocêntrico.

Há dois anos atrás, pude perceber a existência de uma barreira cultural altíssima entre os povos: a língua. Nesse mundo globalizado, interligado, conectado na internet, a língua se monstra como o principal empecilho na comunicação internacional. Uma vez quebrada essa barreira, eu poderia me comunicar com o mundo e trocar ideias e pensamentos com povos de culturas variadas. Assim fiz.

Depois que aprendi Esperanto - em breve postarei um artigo sobre essa língua internacional - e fiz amizades em todo o mundo, vários preconceitos que eu tinha foram quebrados. Sobre as minhas dúvidas explicitadas no início do texto, eu já cheguei a fazê-las diretamente a amigos que me responderam sem problema algum. Inclusive, hoje tenho uma amigo iraniano feminista com quem sempre que posso troco opiniões.

Através do não conhecimento da pluralidade cultural do nosso mundo, se percebe que a nossa, tão comentada, globalização é parcial. Na medida em que eu compro um produto chinês com facilidade, eu não tenho a mínima noção do que o povo que fez tal produto pensa sobre ele. Na medida em que se ri do índio porque ele fala "errado", não se procura entender o porquê disso, nem conhecer mais um pouco a cultura e a língua dele, que é tão rica quanto a nossa. Quando elogiam o Japão e pensam que todos lá possuem os mais variados tipos aparelhos tecnológicos em sua casa, nunca procuraram conversar com algum morador de um lugar mais isolado deste país, que detesta esses tipos de inovações tecnológicas.

Não estou aqui apenas para desconstruir pensamentos precedentes ao conhecimento direto de outras culturas. Afirmo que alguns pensamentos antigos meus sobre algumas culturas se confirmaram. Nesses contatos, também me assustei quando me perguntam se no Brasil todo mundo sabia jogar futebol e escutava samba. 

Vivemos um dilema. Nunca estivemos tão conectados e tão afastados uns dos outros. Isso também se aplica ao conhecimento de outras culturas. Por essa razão, é preciso ter a consciência que estamos longe de uma globalização total. Para constatar isso é só buscar conhecer melhor cada cultura que lhe atraia e não há jeito melhor de fazer isso que conhecendo e conversando diretamente com as pessoas que vivem essas culturas.  

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